A sanha privatizante do governo de Jair Bolsonaro foi tema de debate na Comissão do Trabalho, Administração e Serviços Públicos da Câmara dos Deputados (CETASP), nesta terça-feira (15). A reunião foi conduzida pelo autor do requerimento, deputado Bohn Gass (PT-RS). Desta vez, a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) e da Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre S.A. (Trensurb) estão na mira do governo entreguista. Segundo o governo, as empresas passam a integrar o Parcerias de Investimentos da Presidência da República (PPI) e o Programa Nacional de Desestatização (PND). A intenção do governo é entregar as duas empresas para a iniciativa privada em 2022.
Os sindicalistas que atuam no setor reivindicam a participação no grupo que fará estudos sobre a viabilidade da iniciativa governamental.
“Existe um grupo de estudo e o SindiMetrô gostaria de participar. Nós temos muitos números para apresentar que podem ser interessantes. Provavelmente o governo não sabe o que está acontecendo na caixa-preta do Trensurb”, alertou o presidente do SindiMetrô/RS, Luis Henrique Chagas.
O sindicalista relatou que só nos dois últimos anos a empresa reajustou a tarifa em 147% e a taxa de cobertura saltou de 42% para 56%. “Não precisa ser matemático, contabilista e nem gênio para ver que se aumentou a tarifa em 147% como que a taxa de cobertura só aumentou em 14%. Para onde está indo o dinheiro?”, questionou.
O diretor do SindiMetrô de Minas Gerais, Sérgio Leôncio, também fez a mesma reivindicação ao representante do governo, Otto Luiz Burlier da Silveira Filho, diretor de Programa da Secretaria de Fomento e Apoio a Parcerias de Entes Federativos, que participou da audiência pública.
“Queremos participar dessa questão das PPIs porque nas questões das tarifas, do realinhamento, em Belo Horizonte a tarifa passou de R$ 1,80 para R$ 3,40. Já perdemos praticamente 40 mil usuários. E ainda vêm três aumentos. O que vai acontecer? Qual estudo vai demonstrar que a ferrovia é uma questão social? Se vai fazer estudo, tem que se respeitar a todos. Estamos vivendo o Estado mínimo. Estamos entregando tudo”, reclamou Sérgio Leôncio.
O deputado Bohn Gass fez uma síntese do debate e dos dilemas que a questão apresenta. Ele considerou a necessidade de se investigar as denúncias apresentadas, as demissões dos trabalhadores e da ampliação da participação de todos os envolvidos nos estudos, que segundo o representante do governo, estão começando.
“É preciso contemplar espaço para que os trabalhadores possam apresentar o seu estudo, a sua realidade. Isso é muito importante e nós queremos que todos os elementos sejam postos e ouvidos”, reivindicou o deputado gaúcho.
Em seu discurso, o deputado Rogério Correia (PT-MG) levantou a questão da soberania nacional. Para ele, o que está em curso não é apenas a privatização do metrô, mas da privatização em geral orquestrada por Jair Bolsonaro.
“O governo Bolsonaro está acabando com a soberania em geral, de todas as questões do Brasil. Nós vamos ficar com um País sem soberania. O caso do petróleo é gravíssimo. Eles querem entregar a Amazônia para os americanos explorarem. E o metrô entra nesse parâmetro de vender”, explicou o parlamentar.
O deputado reafirmou que aos poucos o Brasil vai perdendo seu lugar de uma Nação soberana. “Um País assim não vai para a frente. O miliciano da corte não está nem aí para isso. Ou a gente unifica a luta pela soberania ou não vai sobrar Brasil”, sentenciou Rogério Correia.
Benildes Rodrigues