Parlamentares e lideranças de esquerda, militantes da saúde, estudantes, trabalhadores, servidores públicos e representantes dos movimentos sindicais e sociais lotaram o auditório Nereu Ramos, da Câmara, durante toda a manhã desta quarta-feira (5), para dizer não à proposta do governo golpista e sem voto de Michel Temer que limita os gastos públicos do País por 20 anos. Em coro, todos os manifestantes defenderam a rejeição da proposta que rasga a Constituição, desmonta as políticas sociais, diminui o Estado brasileiro e reduz recursos para a saúde, educação, assistência social, segurança e transporte, entre tantos outros setores essenciais.
O líder do PT, deputado Afonso Florence (BA), que dividiu o comando do evento com a líder da Minoria, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e com a secretária de Relações do Trabalho da CUT, Graça Costa, reforçou que o esforço da Bancada do PT será para derrotar a PEC. “Vamos obstruir e votar contra esse desmonte do País, contra a retirada de direitos, contra a redução de recursos para saúde e educação, contra essa PEC da maldade”, afirmou.
Na avaliação do líder Florence, o ato desta quarta-feira já é a pressão da sociedade civil organizada contra a PEC que retira direitos do povo brasileiro e destrói o Estado nacional. “A nossa expectativa é a de que a mobilização contra a PEC 241 generalize no País. Vamos fazer o nosso trabalho aqui no parlamento, mas é preciso que o povo nas ruas também denuncie e diga não à essa proposta, que diga não a esse governo golpista e sem voto”.
Pena de Morte – O deputado Patrus Ananias (PT-MG), coordenador da Bancada do PT na comissão especial que analisa a PEC 241, afirmou que a proposta, que ele chama de PEC do Desmonte, assina a pena de morte de programas essenciais como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada. “Precisamos derrotar essa proposta perversa que desmonta a rede de proteção social; que retrocede em setores essenciais como saúde, educação, ciências e tecnologia; que impede ganhos reais para o salário mínimo, que acaba com os avanços conquistados nos governos Lula e Dilma”, afirmou.
Patrus Ananias enfatizou que para derrotar a PEC 241 é preciso mobilizar o País inteiro contra essa maldade. “Está nas mãos de vocês, mobilizem, divulguem o alcance dessa proposta, falem com o seu parlamentar e, juntos poderemos impedir esse desmonte, impedir o congelamento dos investimentos públicos por 20 anos”, defendeu.
A deputada Jandira Feghali também destacou a necessidade de multiplicar a mobilização pelo Brasil contra a PEC que ela chama de “PEC dos ricos”, porque não limita gastos com o sistema financeiro e congela gastos sociais. Jandira disse que somente um “governo usurpador e sem voto poderia fazer tantas maldades contra o povo”, criticou.
Rolo compressor – O deputado Ivan Valente (PSol-SP) alertou para o rolo compressor do governo golpista que pretende votar a PEC, em plenário, já na próxima semana. “A pressa desse governo usurpador é a pressa do mercado financeiro. Eles querem pagar o golpe entregando o nosso patrimônio, principalmente para o capital estrangeiro. Temos que resistir, não podemos permitir esse congelamento que vai congelar gastos públicos por 20 anos.
Greve geral – Carmem Foro, vice-presidente da CUT, afirmou que os trabalhadores brasileiros não darão folga “a esses golpistas”. E avisou que os trabalhadores irão ocupar as ruas do País. O momento é grave, não podemos permitir a aprovação dessa proposta que reduz o Estado, retira direitos históricos e reduz recursos para investimentos sociais, que congela educação e saúde. Se a saída for greve geral, vamos parar o Brasil. Não aceitaremos nenhum direito a menos”, reforçou.
O representante da Frente Povo sem Medo, Guilherme Boulos, destacou que o golpe não foi só contra a soberania do voto popular, com a retirada da presidenta eleita do poder. “O golpe é também aplicar um programa que não foi eleito nas urnas, que rasga a Constituição, que rasga as Leis Trabalhistas, que propõe a reforma da Previdência”. Para Boulos, no entanto, a PEC 241 é o mais duro e perigoso golpe porque acaba com a proteção social. “O que esse governo golpista quer não é só o ajuste fiscal, ele vai além, quer constitucionalizar o ajuste por 20 anos prejudicando uma geração inteira, por isso a nossa resistência é fundamental. Se a derrota da proposta não for aqui no parlamento, será nas ruas, com greve”, avisou.
Rodrigo Rodrigues, da Frente Brasil Popular, disse que ir para as ruas é importante, mas é preciso também esclarecer e alertar sobre o desmonte do Estado brasileiro no trabalho, nas associações, nas escolas. “A Frente Brasil Popular aceita o desafio da mobilização, e se preciso for vamos para a greve geral para interromper o governo golpista. Vamos parar o Brasil contra a PEC da maldade”, afirmou.
Caetano, representante da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), também reforçou que a entidade estará nas ruas para resistir contra os retrocessos propostos pelo governo Temer.
Estudantes – A presidente em exercício da União Nacional dos Estudantes (UNE), Moara Correia, aproveitou o ato contra a PEC 241 para convocar o movimento estudantil e os diversos segmentos do movimento social para ocuparem as ruas contra a PEC 241 e contra todos os retrocessos anunciados pelo governo ilegítimo de Temer. “A minha juventude que só viveu os governos Lula e Dilma, com pleno emprego, com acesso à saúde e à educação, infelizmente está vivendo esse golpe de Estado. Mas também aprendemos que a disputa política acontece nas ruas, com o povo, e lá nós estaremos para dizer não a essa proposta que destruirá não só o hoje, mas também o nosso futuro”, afirmou.
Vânia Rodrigues
Foto: Alex Ferreira