Os deputados baianos do Partido dos Trabalhadores, Robinson Almeida e Afonso Florence entraram nesta terça-feira (21), como uma representação junto à Comissão de Ética Pública da Presidência da República e à Procuradoria Geral da República pedindo investigação e afastamento de Osmar Serraglio (PMDB) do cargo de ministro da Justiça. Serraglio foi pego em escuta telefônica da Polícia Federal durante as investigações da Operação Carne Fraca.
Na conversa, Serraglio se dirigia a um dos líderes do esquema que beneficiava frigoríficos como “grande chefe”. Essa era a denominação de Daniel Gonçalves Filho, ex-superintendente regional do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa).
“Osmar Serraglio está sob suspeição pela sua conduta revelada no âmbito da Operação Carne Fraca, onde ele interfere, enquanto deputado, na ação de um agente público que investigava frigoríficos irregulares, pedindo para cessar, interromper a investigação”, afirmou Robinson Almeida, explicando a primeira ação impetrada na Comissão de Ética Pública da Presidência da República.
Na petição, os deputados argumentam que as informações amplamente divulgadas pelos órgãos de imprensa revelam que um grupo de servidores públicos, fiscais do Ministério da Agricultura teriam sidos “cooptados” por meio de recebimento de propina para que “relaxassem” na fiscalização de determinados frigoríficos.
“A trágica realidade apresentada ao País pela Polícia Federal se mostra mais dramática quando se verifica que o atual ministro da Justiça, então deputado federal, não só mantinha contato com um dos principais líderes da organização criminosa, como teria agido, na condição de autoridade do cargo legislativo que ocupava, para interferir numa regular fiscalização de frigorífico no Paraná (Imporã) e, desta feita, permitir ao que tudo indica, a continuidade da atuação dos integrantes do grupo criminoso…”, diz os documentos protocolados nas duas instituições.
Relata o deputado Robinson Almeida que a ação junto à PGR se baseia na função de ministro que Osmar Serraglio exerce. “O cargo que ele ocupa tem uma relação de hierarquia sob o órgão de investigação que é a Polícia Federal. No atual posto ele pode – hierarquicamente – ter um tipo de interferência também nas ações da Polícia Federal”, observou o deputado que, com isso, fez um alerta para o fato de que quem já interferiu uma vez pode reincidir.
“Como ele tem foro privilegiado, pedimos à Procuradoria Geral da República que solicite ao STF autorização para investigá-lo em relação à sua conduta dentro da Operação Carne Fraca”, disse.
O deputado Afonso Florence, coautor das ações, classificou de “grave violação” da atitude republicana. “Por isso cabe uma investigação da Comissão de Ética da Presidência da República e, eventualmente, abrir processo contra ministros e parlamentares envolvidos com esse ato ilícito”, defendeu o deputado.
“É mais um ato em que ministro de governo Temer ludibria a opinião pública. Agora em parceria com uma empresa que se dizia que era do Lula, do filho do Lula, mas que agora está provado de quem realmente essa empresa é: de parlamentares e ministros da base de Temer”, alfinetou Florence.
Benildes Rodrigues
Foto: Gustavo Bezerra
Mais fotos: www.flickr.com/photos/ptnacamara