Em nota divulgada no domingo (17), após a votação da Câmara que aprovou a admissibilidade do impeachment da presidenta Dilma Roussef, a União Nacional dos Estudantes (UNE) classificou tal processo, que foi liderado por Eduardo Cunha (PMDB-RJ), como ilegítimo e representa “sério golpe às instituições”.
Segundo o documento, Cunha, que é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção, lavagem de dinheiro, cobrança e recebimento de propina, agiu motivado por “interesses escusos”.
“O resultado da votação dá sequência ao processo ilegítimo capitaneado pelo presidente da Câmara Eduardo Cunha de apunhalar o estado democrático de direito com a condução do impedimento presidencial sem as bases legais requeridas pela lei federal 1079/50, constituindo dessa forma um sério golpe às instituições brasileiras.”
Em discurso proferido em Brasília, a presidenta da UNE, Carina Vitral, afirmou que o processo de impeachment sem base legal, que não observa a exigência de crime de responsabilidade é “ilegal e ilegítimo”, como também o é um eventual governo Temer saído dessas condições.
“Nós não reconhecemos legitimidade em Eduardo Cunha para conduzir esse processo. É por isso, e por muito mais, que um futuro governo Temer, se esse golpe passar, terá um governo ilegítimo”, afirmou Carina, que aposta na mobilização das ruas e na disputa a ser travada agora no Senado para barrar o golpe. “É por isso que, com a força das ruas, da juventude e dos trabalhadores, nós vamos barrar esse golpe, no Senado e nas ruas de todo o país. Não desistiremos.”
Leia a nota :
Nota da UNE sobre votação na Câmara dos Deputados
A União Nacional dos Estudantes repudia o resultado da sessão plenária da Câmara dos Deputados que, na data do dia 17 de abril, aprovou de forma viciada o pedido de impeachment da presidenta da República Dilma Rousseff. O resultado da votação dá sequência ao processo ilegítimo capitaneado pelo presidente da Câmara Eduardo Cunha de apunhalar o estado democrático de direito com a condução do impedimento presidencial sem as bases legais requeridas pela lei federal 1079/50, constituindo dessa forma um sério golpe às instituições brasileiras.
Claramente motivado por interesses escusos e réu no Supremo Tribunal Federal por exigir e receber propinas em contratos da Petrobras, Cunha também é gravemente acusado de outros crimes como corrupção, lavagem de dinheiro e por irrigar contas milionárias e ilegais na Suíça para benefício próprio. A votação do impeachment presidencial sem provas, levada a cabo por este personagem, é uma mancha dolorosa na história da Câmara dos Deputados e do Brasil, um corte profundo na jovem democracia nacional.
A União Nacional dos Estudantes e o conjunto da juventude brasileira denunciam a farsa encenada hoje nessa casa e anunciam mobilização total para impedir a ruptura da ordem democrática, agora sob a guarda do Senado Federal. A UNE, que em quase oitenta anos de história já enfrentou alguns dos piores momentos da história da República, alerta o conjunto da sociedade para o risco da continuidade desse processo. Os estudantes não sairão das ruas e defenderão o seu país sob quaisquer circunstâncias.
União Nacional dos Estudantes
17 de abril de 2016