A Reforma da Previdência que o governo usurpador de Michel Temer (PMDB) quer aprovar, é uma reforma “golpista que exclui os pobres do direito de aposentar”, avalia o ministro da Previdência Social do primeiro governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Ricardo Berzoini.
Na terça-feira (6), Temer encaminhou ao Congresso Nacional sua proposta de Reforma da Previdência, que estabelece 65 anos como idade mínima para homens e mulheres se aposentarem, além de aumentar o tempo mínimo de contribuição de 15 para 25 anos.
Segundo o petista, a proposta do golpista não leva em conta a desigualdade social, que tem consequências na expectativa de vida. “Se você for em um bairro de classe média, a expectativa de vida é de 88 anos, 90 anos.
Em um bairro pobre, será de 63, 64 anos. Ou seja, aprovar 65 anos como idade mínima para se aposentar é dizer o seguinte: vamos ter o INSS onde a contribuição dos pobres viabiliza a aposentadoria da classe média e dos ricos”, explica Berzoini.
O deputado Pepe Vargas (PT-RS) concorda com seu colega de partido. Para ele, estabelecer 65 anos como idade mínima é uma grande injustiça com os trabalhadores de famílias com menor poder aquisitivo.
“Porque esses começam a trabalhar mais cedo e, consequentemente, vão contribuir mais tempo para a Previdência do que os filhos das classes mais abastardas, que começam a trabalhar mais tarde, e vão contribuir menos tempo para a Previdência”, aponta.
Além disso, destaca Pepe, os trabalhadores das classes mais baixas ganham salários menores, enquanto aqueles das classes mais abastadas, “que fizeram faculdade, às vezes até mestrado e doutorado”, ganham salários mais altos.
Como consequência, segundo o parlamentar, o mais pobre se aposentará ganhando menos e tendo contribuído por mais tempo, “enquanto o outro vai se aposentar ganhando mais, e tendo contribuído menos tempo. É injusto”.
“Sem falar que para conseguir garantir 100% do valor da aposentadoria, o trabalhador, seja qual for, terá que ter 49 anos de contribuição”, acrescenta o deputado, se referindo a regra imposta pela Reforma, que estipula que o tempo mínimo de contribuição de 25 anos dará direito a apenas 76% da aposentadoria.
Agência PT de Notícias
Foto: José Cruz/Agência Brasil