O Brasil pegou fogo e está sendo destruído, queimado, virando cinzas. Não é nenhum exagero, nem figura de linguagem. Uma irresponsabilidade, um crime contra a natureza e contra a humanidade. As imagens do Cerrado, da Amazônia e do Pantanal ardendo em chamas que se espalham pelas redes sociais mais parecem cenas do apocalipse, na ótica bíblica.
Segundo os cientistas do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, o planeta atingiu o mais alto grau de aquecimento, com temperatura média global acima de 1ºC. Se esta temperatura atingir 1,5ºC, ficará muito difícil a sobrevivência na Terra. Se não forem tomadas medidas urgentes, não haverá mais controle.
O que seria necessário para conter o aquecimento? Diminuir a emissão de gases de efeito estufa. Como? Evitando e diminuindo a queima de combustíveis fósseis, como o petróleo, e introduzindo energias limpas e renováveis, além de empregar novas tecnologias para evitar a emissão destes poluentes. Ao lado destas iniciativas, é preciso investir em reflorestamento: as florestas absorvem o gás carbônico e devolvem oxigênio para os nossos pulmões.
Os riscos do desprezo para com a Casa Comum
A queima das florestas e biomas emite ainda mais gases poluentes, piorando aquilo que já era insuportável com o ar seco e contaminado. Sem floresta, não existe nenhum filtro para absorver e purificar a nossa atmosfera. O frágil sistema respiratório humano não é capaz de suportar tanta agressividade, pois não foi feito para isso. As queimadas são, portanto, sinal de morte. A supressão das matas altera o regime de chuvas — provocando cada vez mais tempestades e intempéries violentas —, além de ondas extremas de calor, secas severas, escassez de alimentos, de água potável, fome, extinção de espécies animais e vegetais, elevação dos níveis oceânicos, destruição das cidades costeiras… A lista de efeitos negativos é extensa.
O que está acontecendo com o Brasil?
Em vez de reflorestar, o Brasil resolveu acabar com o que ainda resta de nossas florestas. Botou fogo na Amazônia, no Pantanal, no Cerrado, na Mata Atlântica e até na Caatinga. Para se ter ideia do tamanho do crime, foi criado o Dia do Fogo na Amazônia.
Como se não bastasse, para além do fogo, lidamos com a invasão de terras indígenas, exploração e contaminação das águas por meio da mineração ilegal, extração de madeira ilícita, supressão da vegetação para atividades agropastoris e exploração desordenada em áreas protegidas como parques, florestas nacionais e unidades de conservação. Acrescente a tudo isso o modelo de produção do agronegócio que abusa dos venenos — os agrotóxicos. Destroem a biodiversidade, envenenam nossas águas, o lençol freático e nos levam à morte. Até quando?
Bolsonaro mente em discurso na ONU
O Brasil foi pego de surpresa com mais um anti-talento de Bolsonaro. Agora ele é autor de contos — de realismo fantástico. Imagina como seria bom se morássemos nesse Brasil ilustrado por ele? O presidente lançou seus “dons” ao mundo na última terça-feira (22), em seu discurso às Organizações das Nações Unidas (ONU).
Bolsonaro descreveu o próprio “País das Maravilhas” para as autoridades. Que bom seria se sua imaginação pudesse, de fato, ser colocada para o bem-estar da população brasileira. Mas, em vez de de assumir seus vários erros na gestão do país, Bolsonaro mentiu — de novo. Escondeu a realidade na tentativa de manipular o mundo, que já o conhece bem.
Em poucas palavras, o “presidente” disse que o mundo precisa cada vez mais do Brasil para se alimentar, mas não jogou a real. Não disse que seu próprio povo está passando fome e que sofre para comprar arroz, feijão e outros itens da cesta básica.
Em contrapartida às necessidades do povo, o governo não tomou nenhuma medida para mitigar os impactos da pandemia. Agora, como se já não fosse suficiente, ele reduz o auxílio emergencial de R$ 600,00 para R$300,00, veta apoio aos agricultores familiares e ainda quer um salário mínimo sem ganho real para a população no ano que vem. É o próprio presidente que está condenando o povo à morte.
Bolsonaro mente e manipula. No seu mundo de mentiras, “a culpa dos incêndios é dos índios, dos caboclos da floresta”. Indivíduos que amam e respeitam a floresta no mundo real; no fantástico mundo de Bolsonaro, eles a destroem. Mas, pelo menos, no mundo de fantasia do presidente a mata é “úmida” e, por isso, não pega fogo.
É cada vez mais urgente o Fora Bolsonaro!
* Padre João (PT-MG) é deputado federal*