Entre 2023 e 2024 o Brasil parece ter se reconciliado com as políticas de desenvolvimento, atuando de forma consistente no desenvolvimento de propostas voltadas para os trabalhadores e trabalhadoras, para reintegrá-los no mercado formal de trabalho, permitindo a retomada da produção, do consumo e da melhoria de vida de forma inclusiva e, de certa forma, mais solidária.
Foi registrado um crescimento significativo na taxa de emprego, que atingiu 58,7% em outubro de 2024. Além disso, a taxa de desemprego caiu para 6,1% no trimestre encerrado em novembro, o menor nível desde o início da série histórica em 2012.
Esses números demonstram a retomada de um mercado de trabalho aquecido, um crescimento no número de trabalhadores formais e informais e a diversificação das atividades econômicas, com o aumento da demanda por trabalhadores em diversos setores.
Em 2024, o consumo de bens e serviços no Brasil cresceu de forma consistente, com o aumento da demanda por produtos duráveis e serviços de tecnologia, impulsionados pelo fortalecimento da economia e pelo aumento da confiança do consumidor. O setor de serviços cresceu, especialmente o turismo, com viagens, hotéis, restaurantes e serviços agregados, notadamente com o fim da pandemia.
Analistas consideram que, em 2025, o consumo das famílias no Brasil continue a crescer, impulsionado pelo aumento da renda e pela melhoria do mercado de trabalho. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) revisou suas projeções para o crescimento do PIB do Brasil no próximo ano, estimando uma expansão de 2,1%, em parte devido a esse consumo, que acumulou uma alta de 4,5% nos últimos quatro trimestres de 2024, sendo o principal motor da expansão.
Em 2023, a agropecuária teve um crescimento econômico, com uma alta de 15%. O faturamento de 677,6 bilhões de reais foi o maior já registrado na série histórica, que começou em 1995, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Por outro lado, segundo os analistas, a inflação no Brasil apresentou uma tendência de alta, mas com algumas oscilações ao longo do ano, tendo como principais causas as taxas de juros elevadas, desvalorização do real e custos de produção que continuaram a pressionar os preços.
Em novembro de 2024, a inflação anual chegou a 4,87%, impulsionada principalmente pelo aumento dos preços de alimentos e bebidas, que cresceram 7,63%. O Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV) explica que duas razões principais puxaram o preço dos alimentos para cima: fatores climáticos e a valorização do dólar.
O Copom usa, então, o modelo de política monetária ortodoxa que vem sendo aplicado no Brasil pelas correntes liberais, que é o de aumentar os juros, pois as taxas mais elevadas encarecem o crédito, o que desacelera o consumo e a produção.
Como consequência, os preços tendem a não aumentar, embora tenham uma repercussão direta no consumo das famílias, pois com seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, reduzindo o nível de atividade econômica e a redução do nível de emprego, trazendo consigo impactos na economia, como: encarecer o crédito, desestimular a produção e o consumo, dificultar o crescimento econômico, aumentar o custo do crédito para as empresas e a restrição de crédito para os consumidores.
A inflação é contida, mas existe um preço a se pagar: juros mais altos afetam também o ritmo do crescimento da economia. A parte ruim é que, ao se aumentar a taxa de juro, cai o ritmo da economia. Isso vai afetar o mercado de trabalho e aumentar a taxa de desemprego.
A alta da taxa Selic beneficia os investidores conservadores e as opções de investimento em renda fixa: quando a Selic está alta, os investidores que têm a maioria dos seus investimentos atrelados à Selic e ao CD são bem remunerados; ganham os bancos, com os rendimentos dos seus títulos de créditos e com o rendimento dos seus empréstimos, pessoais e empresariais.
O Presidente Lula falou em entrevista à Agência Brasil e questionou: “Nós temos possibilidade de ter [este ano] um déficit de R$ 30 bilhões ou R$ 40 bilhões. Aí fico olhando do outro lado da folha que me apresentam, só de juros, o ano passado, foram R$ 790 bilhões que a gente pagou. Só de desoneração foram R$ 536 bilhões que a gente deixou de receber. Por que não transforma em gasto a taxa de juros que nós pagamos?”. Pelas regras vigentes, despesas financeiras com juros da dívida não sofrem contingenciamentos.
“Não vejo o mercado falar dos moradores de rua, dos catadores de papel, não vejo o mercado falar dos desempregados e das pessoas que precisam do Estado. Quem necessita do Estado é o povo trabalhador, a classe média, que é quem paga imposto nesse país”, disse ainda o presidente durante a entrevista.
É preciso ter uma conjugação de interesses e de sintonia entre o que o Governo Lula tem como proposta e os compromissos com quem o elegeu, tendo a certeza de que a sua identificação é com o povo, na busca de melhor condição de vida para todos e que nenhum brasileiro deixe de ter direito à alimentação, saúde, habitação, educação e laser.
Finalizo dizendo que vamos continuar a trabalhar pelos direitos de todos e pela igualdade de direitos e pela inclusão social, com os desejos de um Feliz Ano Novo, aos companheiros e companheiras.
João Daniel (PT) é deputado federal em Sergipe