Parlamentares da Bancada do PT na Câmara afirmaram nesta segunda-feira (13) que a falta de ação do governo Bolsonaro, agravada com o desmantelamento do Programa Mais Médicos e a consequente ausência dos médicos cubanos, pode ocasionar uma escalada de mortes por coronavírus entre as populações indígenas do País. Como exemplo, eles citam as três mortes confirmadas pelo Ministério da Saúde, no Amazonas (duas mortes) e em Roraima (uma), além de nove casos já detectados entre indígenas.
O deputado Alexandre Padilha (PT-SP), médico infectologista e ex-ministro da Saúde no governo Dilma Rousseff, destacou que a falta de ação do governo Bolsonaro pode dizimar etnias inteiras. Como exemplo ele citou que, no final da década de 1990, coordenou um núcleo da USP que evitou o desaparecimento da etnia Zoé, no Noroeste do Pará, infectada à época por gripe, pneumonia e tuberculose, contraída por contato com garimpeiros, madeireiros e de missionários neopentecostais – a época da Missão Novas Tribos.
“A destruição do Mais Médicos, pelo governo Bolsonaro e seu Ministério da Saúde, já foi responsável pelo aumento inédito de 50% da mortalidade entre crianças indígenas no ano de 2019. A persistência em não levar médicos do Programa Mais Médicos, nem testagem em massa para as populações indígenas, pode significar a destruição de várias etnias. Podemos estar à beira de um genocídio de etnias indígenas”, alertou Padilha.
Amazonas
O deputado José Ricardo (PT-AM) também demonstra preocupação com o crescente número de infectados por coronavírus entre indígenas do Amazonas. No último sábado, a Funai confirmou duas mortes no estado: uma indígena de 44 anos da etnia Kokama, e um indígena da etnia Tikuna, de 78 anos. Na semana passada, um jovem indígena de 15 anos também morreu.
“A política do Governo Bolsonaro para amparar os indígenas é extremamente reduzida, ou quase nenhuma. Também faz uma falta muito grande os médicos do programa Mais Médicos, porque em todas as áreas indígenas do estado do Amazonas eram os médicos cubanos do programa que faziam o atendimento. E nos Distritos Sanitários de Saúde Indígena cerca de 90% dos médicos eram cubanos que deixaram de atender por conta da política do governo Bolsonaro. Estão fazendo falta”, lamentou.
O parlamentar amazonense lembrou ainda que, em conjunto com outros parlamentares do PT, apresentou projetos para proteger as populações indígenas. Entre as propostas está a criação de uma renda específica e amparo à saúde dos indígenas, e outra que impede a entrada de pessoas estranhas e não necessárias em suas terras e reservas.
Situação em outros estados do Norte
A omissão do governo Bolsonaro e a ausência dos médicos cubanos do Programa Mais Médicos também é sentida em outros estados da Região Norte, como no Tocantins. Segundo o deputado Célio Moura (PT-TO), por falta de assistência, correm risco em seu estado a etnia Karajá-Xambioá, localizada no município de Santa Fé do Araguaia, próximo à cidade de Araguaína; e também da etnia Xerente, próxima de Palmas, a apenas 80 quilômetros da capital do Tocantins.
“Bolsonaro despreza o bom senso, está muito lento, é preciso garantir assistência à saúde, medicamentos e provisões necessárias para a segurança alimentar dos povos indígenas do Tocantins, e de todo território nacional. É nessa hora crítica que a gente percebe a grande falta que faz um presidente competente e atuante! O Programa Mais Médicos está fazendo muita falta ao nosso povo carente”, afirmou o parlamentar do Tocantins.
Héber Carvalho