Após quase três anos de pandemia de Covid-19, o Brasil está prestes a bater a marca de 700 mil mortos, uma pavorosa estatística alcançada graças em boa parte à negligência criminosa de Jair Bolsonaro. Há pelo menos um ano, estudos têm apontado: entre um terço e quase metade das vítimas fatais poderia ter sido salva se o governo tivesse trabalhado para conter a pandemia no país.
Agora, sabe-se que, desse total, pelo menos 47 mil idosos estariam vivos hoje se as vacinas tivessem chegado mais cedo e fossem aplicadas com mais celeridade pelo Ministério da Saúde. Essa é a conclusão de um estudo conduzido pela Fiocruz e publicado na revista científica The Lancet Regional Health Americas, nesta segunda-feira (21).
Com contribuições do Observatório Covid-19 BR, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), da Universidade Federal do ABC (UFABC) e da Universidade de São Paulo (USP), a Fiocruz mapeou os primeiros oito meses da campanha de vacinação do desgoverno Bolsonaro.
Vacinas salvam vidas
O resultado confirma aquilo que Bolsonaro e seu então ministro da Saúde à época do início das imunizações, Eduardo Pazuello, sempre negaram: vacinas salvam vidas. No período de janeiro a agosto daquele ano, as doses evitaram entre 54 mil e 63 mil mortes de idosos. E cerca de 158 mil a 178 mil internações foram impedidas pelos imunizantes.
Se a vacinação da Covid tivesse começado mais cedo e em ritmo mais acelerado, o número de mortes de idosos poderia ter sido até 50% menor. 47 mil mortes de idosos poderiam ter sido evitadas em 2021 (Fiocruz). Mas com Bolsonaro o que vimos foi negacionismo e descaso com a vida.
— Henrique Fontana (@HenriqueFontana) November 22, 2022
“Isso mostra o quanto as vacinas são e foram fundamentais no enfrentamento da pandemia da Covid-19 e como elas poderiam ter feito ainda mais em benefício da saúde pública da população brasileira se a gente pudesse ter tido um ritmo de vacinação e uma oferta maior de vacinas desde o começo”, declarou o pesquisador da Fiocruz, Marcelo Gomes.
Para o infortúnio de 47 mil idosos, no entanto, o país não tinha Lula na Presidência. Como se sabe, em 2010, na epidemia de H1N1, o governo de Lula garantiu a imunização de mais de 80 milhões de brasileiros em apenas três meses, controlando, com sucesso, o avanço da doença no país.
Bolsonaro, o agente do caos
Uma década depois, Bolsonaro não apenas esvaziou o Programa Nacional de Imunizações (PNI), como atuou como agente do caos em sua cruzada antivacinas. Além de atrasar a compra dos imunizantes, já em dezembro de 2020, quando o Brasil recebeu as primeiras ofertas de fabricantes, Bolsonaro manifestou-se inúmeras vezes contra que quem decidisse se imunizar, ressaltando que as pessoas poderiam “virar jacaré”.
Não contente em colocar em risco a vida da população, Bolsonaro fez questão de pisotear sobre a memória das vítimas, fazendo imitação de pessoas com falta de ar e dizendo que o país deveria deixar de ser “de maricas”. Enquanto isso, o país demorou seis meses até chegar, em junho de 2021, à marca de um milhão de vacinados por dia, à custa de milhares de vidas perdidas, de acordo com a Fiocruz.
Desafio: recuperar a tradição vacinal
Agora, o novo governo Lula tem a missão de reconstruir, a partir dos escombros bolsonaristas, o PNI e a velha tradição vacinal que marcou a saúde pública do país nas últimas décadas. Para isso, a equipe de transição trabalha para mapear o quadro o atual da vacinação, especialmente diante da disseminação de uma nova cepa da Covid-19.
“O governo Bolsonaro deixou faltar vacina para crianças”, denunciou o senador Humberto Costa (PT-PE), em entrevista à GloboNews, no final de semana. “Precisamos denunciar e lutar para ampliar a cobertura vacinal”, justificou o parlamentar, que é um dos coordenadores da área de saúde da Equipe de Transicão. Ouça a entrevista completa abaixo.
Por PT Nacional