Embora já passou o mês alusivo à data 25 de Julho- Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, e também Dia Nacional da Mulher Negra e Tereza de Benguela.
A luta pela vida e por políticas públicas continuam sendo um dos focos de reivindicações durante todo o ano do movimento de mulheres negras . Uma vez que são as mais atingidas pelas desigualdades estruturais: raça, gênero e classe.
Isso só confirma o que a intelectual negra, Angela Davis diz, “ as mulheres negras estão na base da pirâmide social”.
Com a pandemia da COVID-19 atrelada com as atrocidades do governo Bolsonaro, as mulheres negras são as mais impactadas pelos desmontes de políticas públicas; vulnerabilidade econômica e social: desemprego, violências, insegurança alimentar, e até mesmo a fome.
Selma Dealdina é quilombola, ativista, assistente social e secretária administrativa da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), alerta sobre o atual projeto político que provocou vários desmontes às mulheres negras e quilombolas, como a falta de orçamento público, acarretando os cortes de programas sociais.
“Não se tem respeito com as comunidades quilombolas. É nítido uma onda de retrocessos; tiram dinheiro de quem realmente precisa, nós mulheres negras, as que estão mais vulneráveis. São nossos corpos que estão na grande maioria na situação de rua, desemprego, mercado informal”, desabafa
A assistente social e ativista do Coletivo Ajunta Preta, Janaína Rodrigues, também concorda que nesse atual (des) governo não se têm avanços à equidade de gênero e raça. E ressalta, que é impossível garantir qualidade de vida para mulheres negras sem o entendimento de suas realidades e sem investimento em políticas públicas específicas.
“Nesse governo federal também tem falhado, porque não investe sequer na continuidade de políticas públicas primordiais para as mulheres, como, por exemplo, a rede Cegonha, que oferecia suporte às mulheres usuárias do SUS no parto e puerpério”, analisa a ativista.
Corte de verbas no combate a violência contra à mulher
Um estudo realizado pelo Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA 2022) do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), apontou que houve cortes de verbas este ano de 33%, ou seja, pouco investimento nos últimos anos, mesmo com orçamento disponível.
Um dos programas que sofreu esse impacto foram os de combate a quaisquer tipos de violências contra a mulher, pois, segundo o Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos destinou, em 2022, o menor recurso dos últimos quatro anos.
As vítimas de feminicídio, também são as mulheres negras, é o que revelou o Atlas da Violência 2021, do Ipea, que são mais de 66% assassinadas em nosso país.