A jornalista Eleonora de Lucena, em artigo publicado no jornal Folha de São Paulo de hoje (28), relata o ataque à Caravana Lula no Paraná. Os ônibus que transportavam jornalistas e convidados sofreram uma emboscada no final da tarde de terça-feira (27), no trecho entre Quedas do Iguaçu e Laranjeiras do Sul. A jornalista destaca: “O país precisa reagir. O atentado não foi só contra Lula. O projétil foi contra a democracia. Democratas precisam aprender com a história e formar já uma frente ampla contra o fascismo.”
Depoimento: Pedras de novo, pensei; mas o ruído era diferente
Jornalista que estava em ônibus atingido no Paraná diz que PM não acompanhou comboio,
Eleonora de Lucena
O barulho seco no lado direito do ônibus provocou silêncio. Pedras novamente, pensei. Pedras, alguém falou. O ruído foi diferente.
Tínhamos recém partido de Quedas do Iguaçu, onde Lula fizera ato. Dez minutos de viagem e veio o impacto. Era local de vegetação fechada, mato alto na borda da estrada. O comboio continuou.
Minutos depois, carros da PM passaram pela caravana. Não pararam nem acompanharam o comboio. No trajeto, manifestações de apoio de moradores. Crianças ensaiavam corrida para acompanhar os ônibus.
A 1 km do destino, Laranjeiras do Sul, o motorista reduz a velocidade. Para. Descemos. Pneu furado, alguém disse. Saltamos. Miguelitos (ganchos de metal) nos dois pneus da direita. Logo identificamos as marcas dos projéteis.
Foi um atentado. A escalada fascista subiu mais um degrau. Grupos ultradireitistas não enxergam limites.
Ovos, pedras, projéteis, chicotes. São milícias armadas que planejam atentados. Como as gangues que precederam as SS nazista. O mesmo modus operandi terrorista.
Vi isso num crescendo nos últimos dias. Adeptos de Bolsonaro, ruralistas, pessoas violentas que berram e xingam. Eu mesma levei uma ovada na cabeça no sábado só por estar saindo do hotel onde estava hospedado Lula. “Lincha, é comunista”, ouvi em algum momento.
O país precisa reagir. O atentado não foi só contra Lula. O projétil foi contra a democracia. Democratas precisam aprender com a história e formar já uma frente ampla contra o fascismo.
Foto: Divulgação