A última pesquisa Datafolha, que registra um crescimento de 41% para 47%, da preferência da população pela Presidenta Dilma, e o encolhimento dos possíveis adversários, dá impressão que vivemos hoje em dois Brasis. Um construído pela oposição ao governo e por parte considerável da mídia e outro, o Brasil real.
Por incrível que pareça, a pesquisa foi realizada nos dias 28/29 de novembro, num cenário desfavorável ao governo, período da decretação das prisões dos condenados pela AP-470 e, entre outras coisas, do aumento do IPTU em São Paulo, uma medida impopular, mas necessária.
Ao mesmo tempo, o noticiário na área econômica parecia anunciar o apocalipse. Alguém que desembarcasse no Brasil imaginaria o país à beira do caos, desgovernado, com as contas públicas completamente arrasadas, a inflação descontrolada, a Petrobras à beira da falência, analistas tecendo perspectivas sombrias para o mercado de trabalho, com previsões de desemprego, prenúncio de falta de energia, enfim um ambiente midiático que mais parecia uma ficção. O Pré-candidato à Presidência da República, Aécio Neves, tornou-se o comentarista desse “caos”, desse Brasil irreal.
É possível que a falta de um projeto alternativo para apresentar nas eleições de 2014 e de um discurso convincente tenha levado a oposição a esse descaminho. Nenhuma proposta factível foi apresentada para que pudesse despertar o debate. O pré-candidato do PSDB, Aécio Neves, tem apenas insistido na pregação do caos, disse que o programa Bolsa Família foi inventado pelos tucanos e que quer incluí-lo na Constituição. Seu desempenho medíocre alimenta ainda mais o desejo do Serra em derrubá-lo.
As prováveis candidaturas de Eduardo Campos ou Marina Silva, depois da junção do PSB com a Rede, se encalacraram numa intensa disputa interna, sobre quem sairá como cabeça de chapa, qual o programa de governo e que política de alianças seria adotada. As divergências são profundas, de difícil conciliação. Mas jamais essa aliança pode ser menosprezada, até porque, poderá ser a opção de grande parte da mídia caso o trensalão descarrile as pretensões tucanas.
As críticas ao governo têm sido focadas mais nos efeitos naturais da crise internacional sobre a economia, que interromperam o ciclo vertiginoso de crescimento experimentado pelo Brasil entre 2003 e 2008, e que o governo tem enfrentado com competência.
Nesse debate, são ocultadas as medidas tomadas pelo governo, que retiraram o País da vulnerabilidade externa e que deram condições para travessias de momentos adversos como o que estamos passando. Um período em que o superávit das exportações de US$ 139 bilhões entre 2003-2007 foi substituído por um déficit de US$ 126 bilhões de 2008-2013, isso em decorrência da redução da demanda externa de US$ 265 bilhões, fruto da grande crise do capitalismo que o mundo atravessa. Além desse impacto gigantesco, o Brasil foi também duramente atingido pelo tsunami monetário internacional, causado pela injeção de trilhões de dólares no mercado pelos Estados Unidos e por países da União Européia, para salvarem seus sistemas financeiros. As medidas macroprudenciais do governo foram acertadas e propiciaram a estabilidade que vivemos hoje.
Não é à toa que nossas reservas cambias em 2002, com Fernando Henrique Cardoso, eram de U$$ 37,8 bi. Hoje já beiram US$ 400 bilhões, a especulação com o dólar está contida, a inflação controlada, o mercado interno expandindo, os investimentos na infraestrutura garantidos, os programas sociais preservados e as taxas de desemprego cada vez mais baixas.
Em plena crise, as famílias estão protegidas. Organismos internacionais como a ONU têm acompanhado e reconhecido que a rede de proteção social construída com os programas do governo federal, desde 2003, está promovendo em tempo recorde, a maior redução da desigualdade e inclusão social de nossa história.
Faz-se necessário qualificar o debate com propostas concretas e até aqui não apresentadas pela oposição, e não apelar para estratégia de terrorismo econômico com a finalidade de confundir a opinião pública, para tirar algum proveito eleitoral.
Deputado federal (PT-SP), ex-prefeito de São Carlos e ex-reitor da UFSCar.