O núcleo agrário da bancada do PT na Câmara divulgou nota nesta terça-feira (7) de solidariedade ao Professor Marcos Sorrentino e de contrariedade e repúdio à instalação de uma Comissão Sindicante, criada pela direção da Escola Superior de Agricultura da Universidade de São Paulo . “De caráter nitidamente intimidatório e autoritário, a ação também denota triagem ideológica dada a seletividade e diferença de tratamento demonstrado em relação a outros eventos (de perfis mercadológicos), em detrimento a este, essencialmente social e voltado para uma justa causa (da agricultura familiar, da agricultura camponesa, da reforma agrária e da agroecologia)”, diz o texto. Leia a íntegra:
NOTA DE SOLIDARIEDADE AO PROFESSOR MARCOS SORRENTINO
“Os deputados do Partido dos Trabalhadores (PT) na Câmara dos Deputados manifestam sua solidariedade ao Professor Marcos Sorrentino e sua contrariedade e repúdio à instalação de uma Comissão Sindicante, criada pela direção da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ), da Universidade de São Paulo (USP). Segundo a ESALQ, a sindicância tem a finalidade de investigar uma atividade acadêmica organizada em conjunto com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e outras 20 entidades e grupos de extensão que atuam em Piracicaba.
De caráter nitidamente intimidatório e autoritário, a ação também denota triagem ideológica dada a seletividade e diferença de tratamento demonstrado em relação a outros eventos (de perfis mercadológicos), em detrimento a este, essencialmente social e voltado para uma justa causa (da agricultura familiar, da agricultura camponesa, da reforma agrária e da agroecologia).
Ao não abrir as portas para o diálogo e aos esclarecimentos necessários, a ESALQ optou pela truculência, pela burocratização excessiva e pelo autoritarismo, adotando práticas contrárias aos direitos fundamentais e do Estado Democrático de Direito.
A característica do ato burocrático empreendido pela Comissão Sindicante instalada pela ESALQ/USP se soma aos atos de violência empregados por setores conservadores do campo, contra camponeses, trabalhadores rurais, indígenas e quilombolas em diferentes regiões do país, favorecidos pelo atual momento de golpe aplicado à democracia no Brasil. Entendemos ainda que este ato vai contra os princípios de uma universidade democrática, comprometida com a sociedade e com a diversidade social, étnica e racial existente no campo brasileiro.
Neste sentido, a ESALQ se mostra conservadora, sectária e replicadora das diferentes formas de violência social em curso no Brasil. Mostra-se alheia aos desafios históricos e estruturais que o nosso país ainda não superou, relacionados à concentração fundiária e os recorrentes desrespeitos à função social da propriedade, além dos problemas decorrentes da monocultura poluidora e degradante, da desigualdade social e da destruição ambiental.
Por tudo isso, e também por vermos afrontada a trajetória digna de um grande professor e mestre reconhecido nacional e internacionalmente é que manifestamos a nossa indignação contra a tentativa de criminalização e enquadramento funcional adotado pela ESALQ.
Reiteramos todo nosso apoio à Universidade Pública, Gratuita e de Qualidade, à reforma agrária e a agricultura familiar, aos povos e comunidades tradicionais, aos movimentos sociais do campo, à agroecologia e ao meio ambiente saudável, equilibrado e sustentável.
Brasília, 7 de novembro de 2017.
Núcleo Agrário do PT na Câmara dos Deputados”