Novo “auxílio” de Bolsonaro ignora a fome e aposta no caos

A necropolítica bolsonarista conduz as parcelas mais vulneráveis da população ao matadouro. Ou pela fome, ou pela doença. Sua nova arma é o “auxílio emergencial” de 2021. Irrisórios R$ 250 em média para 43 bilhões de pessoas, excluindo, logo de início, mais de 24 milhões de cidadãos que receberam o benefício em 2020. Os valores serão creditados só em abril, para uma pessoa por família. E sem direito a novos cadastros.

O auxílio foi a única fonte de renda para 36% dos beneficiários em 2020. Projeção da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Social indica que 27 milhões de pessoas iniciaram 2021 na condição de extrema pobreza, sobrevivendo com R$ 8,20 por dia, ou R$ 246 por mês.

“É pouco, mas é o que a nação pode dar. São R$ 44 bilhões de endividamento”, disse Bolsonaro em conversa com sua claque no Palácio do Alvorada, nesta sexta (19). Para a presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores, deputada Gleisi Hoffmann (PR), a soma de desmandos de Bolsonaro conduz a população a uma “tragédia anunciada”.

Hoje, com a inflação que temos – a inflação de alimentos, a carestia, o custo de vida – reduzir o auxílio significa colocar as famílias em situação ainda mais constrangedora, ainda com mais dificuldades, e isso vai continuar impactando a economia, alertou Gleisi.

“Até porque, com o crescimento das mortes pelo Covid, medidas de restrição de trânsito estão sendo tomadas. Ou seja, as pessoas não podem fazer o que faziam antes, ou então teremos cada vez mais gente infectada, precisando do SUS, e os nossos hospitais estão abarrotados. Já falta oxigênio e insumo”, prosseguiu Gleisi. “E não tem condições de atender todo mundo por conta da irresponsabilidade do governo.”

A presidenta do PT anunciou que o partido continuará lutando pelo restabelecimento de pelo menos o auxílio emergencial de R$ 600. Também moverá esforços por mais apoio aos micro e pequenos empresários, e por estímulo à agricultura familiar.

“Isso tudo é uma tragédia anunciada. Se o governo de Bolsonaro tivesse tomado as medidas adequadas e agisse em conjunto com todas as autoridades, com toda a estrutura da saúde, com os cientistas, nós a teríamos evitado” criticou Gleisi. “Que a gente se una numa grande cruzada nacional para enfrentar a pandemia”.

Lula: Bolsonaro leva o Brasil à ruína

Em entrevista exibida pela rede americana CNN nesta quinta, Luiz Inácio Lula da Silva disse que Bolsonaro simplesmente não governa e, por isso, leva o Brasil à ruína. “Temos muitos desempregados, gente passando fome. No meu governo, nós havíamos acabado com a fome no Brasil, algo que foi reconhecido pelas Nações Unidas”, destacou.

“Infelizmente a falta de responsabilidade daqueles que comandam o país hoje, o que é muito parecido ao que Trump fez nos EUA, está levando o Brasil à miséria. Temos que discutir a sobrevivência do nosso povo”, alertou Lula. Para ele, o desgoverno Bolsonaro arrasou o país economicamente e o transformou em epicentro mundial da pandemia.

Levantamento mensal do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostra que o menor valor a ser pago este ano (R$ 150) só compra 23% da cesta básica em São Paulo, 29%, em Belém e 31%, em Salvador. Com o valor médio (R$ 250) é possível comprar 39%, 49% e 52% da cesta nas capitais paulista, paraense e baiana. Já o benefício de R$ 375 às mães terá o poder de comprar 59% da cesta em São Paulo, 73% em Belém e 78% em Salvador.

Francisco Menezes, que foi presidente, durante o governo Lula, do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), extinto por Bolsonaro em 1º de janeiro de 2019, avalia que os valores são absolutamente insuficientes para garantir segurança alimentar a quem precisa.

“Quando foram reduzidos para a metade os valores do auxílio, de setembro a dezembro, já naquele momento houve um aumento significativo da fome no país. O Datafolha mostrou que do total de pessoas que recebiam o auxílio pela metade, 36% estavam sem nenhuma renda e dependiam completamente do benefício para sobreviver”, comparou o economista e especialista em políticas públicas, referindo-se ao período em que Bolsonaro ampliou o prazo de pagamento, mas reduziu o valor em 50%.

Sem compromisso com a vida

Para o vice-presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, a proposta de auxílio de Bolsonaro, ainda retirando recursos da saúde e da educação e impondo novas regras fiscais, demonstra que ele não tem compromisso com a vida dos brasileiros. Segundo ele, a falta de recursos alegada pelo governo pode ser resolvida com a tributação de grandes fortunas e de grandes empresas.

Na próxima quarta (24), a CUT e entidades sindicais e sociais promoverão o lockdown no Dia Nacional de Luta em Defesa da Vida; da Vacina; do Emprego e do Auxílio Emergencial de R$ 600.

“A proposta da CUT é para que o trabalhador fique em casa e não trabalhe. Não é para o bancário em home office tentar vender produtos do banco. É para o trabalhador cobrar a vacina, um auxílio decente, por que este governo não garante a sua vida. A ideia não é ficar em casa passando fome e trabalhando, é cada um à sua maneira pressionar o governo, cobrar dos seus deputados. É dia de reflexão e luta pela vida”, explica Vagner.

 

Da Agência PT de Notícias

 

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