O deputado federal e Secretário Nacional de Meio Ambiente e Desenvolvimento do PT, Nilto Tatto (SP), criticou duramente neste sábado (11) o vice-presidente da Republica, general Hamilton Mourão, por ter tirado do governo a responsabilidade pelo aumento das queimadas e o desenfreado desmatamento na região na Amazônia. Segundo ele, é inconcebível o general “jogar a responsabilidade” a terceiros quando foi cobrado esta semana por investidores estrangeiros que exigem transparência e rigor no combate ao desmatamento e na proteção aos povos indígenas na Amazônia.
Para o parlamentar, Mourão simplesmente deixou claro o descompromisso do governo Jair Bolsonaro com o meio ambiente, a biodiversidade, as populações indígenas e os povos tradicionais da Amazônia.
Tatto argumentou que tudo que o país produziu do ponto de vista das relações internacionais, com os compromissos referentes a acordos sobre clima e biodiversidade – que vinham sendo implementados no Brasil nos governos dos presidentes Lula e Dilma – vem sendo desmontado pelo governo Bolsonaro.
Governo motosserra
“Portanto, Bolsonaro é o maior responsável pelo aumento do desmatamento, das queimadas e também pelas ameaças dos grandes fundos de investimento não aportarem recursos para projetos no Brasil, o que vai aprofundar ainda mais a crise econômica no País”, sentenciou Nilto Tatto.
Na opinião do parlamentar, o governo Bolsonaro, em vez de negar responsabilidades, deveria dar continuidade à agenda do desenvolvimento sustentável que o Brasil vinha implementando. Todas as conquistas vêm sendo desmontadas de maneira irresponsável e à margem das leis, o que pode prejudicar o Brasil não só do ponto de vista ambiental como também econômico. “O Brasil corre o risco de não receber investimento nem para as atividades degradantes que o governo quer implementar”, ironizou Tatto.
Devastação com patrocínio de Bolsonaro
De acordo com o deputado, a tentativa de Hamilton Mourão e do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, de tirar do colo do governo a responsabilidade pela devastação generalizada do meio ambiente não se sustenta, pois está clara a política do atual governo de estimular a destruição total da natureza.
Para o parlamentar, há um acumulo de ações protagonizadas por Bolsonaro e Ricardo Salles na gestão ambiental que mostram o desprezo do atual governo pelo meio ambiente. Nilto Tatto citou como exemplo de prática nefasta a pretensão de Bolsonaro de extinguir o Ministério do Meio Ambiente, o que só não ocorreu por pressão da sociedade e de grupos organizados no Brasil e exterior.
Tatto apontou também o desmonte promovido em todo programa de controle de desmatamento, incluindo a desqualificação dos dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) – uma instituição reconhecida internacionalmente pela excelência no trabalho de monitoramento das queimadas na Amazônia. Além disso, acrescentou o parlamentar, Bolsonaro e sua equipe desmontam toda a estrutura de fiscalização do Ibama e do CMBio e ameaça os fiscais ambientais que cumprem seu dever.
Desenvolvimento sustentável
“Todas as ações do governo foram no sentido de desmontar tudo aquilo que o Brasil montou de controle de desmatamento da Amazônia; interrompeu o que o Brasil conquistou, inclusive as doações de recursos internacionais para pensar o desenvolvimento sustentável, como o Fundo Clima e o Fundo da Amazônia”, lamentou o petista.
Para concluir o pacote de maldade ambiental, o deputado lembrou que Bolsonaro nomeou para a pasta do Meio Ambiente um “representante do pior do agronegócio brasileiro para atender interesses desse setor, que não respeita o meio ambiente e quer uma atividade expansionista, em especial para cima das terras indígenas, terras públicas, unidades de conservação e território quilombolas”.
Na avaliação do deputado o governo está intrinsecamente ligado aos interesses do grande capital. Segundo ele, o desmonte do sistema ambiental brasileiro é o objetivo desse grupo que tem sustentação na visão privatista, entreguista e ultraliberal de Bolsonaro.
“Bolsonaro coloca a Amazônia a serviço de grandes corporações internacionais que têm interesse em explorar os recursos naturais,impedindo o avanço de projetos de desenvolvimento sustentável que valorizam a floresta em pé”, denunciou.
Benildes Rodrigues