O deputado Nilmário Miranda (PT-MG) criticou hoje (6), em plenário, a exploração da mídia em relação ao resultado do Atlas do Desenvolvimento Humano de 2013, do PNUD, divulgado recentemente, e que apontou a cidade de São João das Missões, no norte do estado de Minas Gerais, “como destaque negativo, em último lugar em Minas”. Para Nilmário Miranda, a mídia não entendeu a realidade e se limitou a apenas um item da pesquisa, que diz respeito a renda, sem observar outros pontos importantes.
“Os dados do Atlas mostram melhora geral do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) e da redução das desigualdades no País. Lamentavelmente, o município de São João das Missões foi apresentado como destaque negativo. Na verdade, Missões, única cidade governada por indígena em Minas (Xacriabá), apresentou avanços enormes, sobretudo nos oito anos de governo de José Nunes, que foi sucedido pelo seu companheiro Marcelo Caetano, ambos indígenas”, explicou o parlamentar petista.
Nilmário enfatizou que há 20 anos, o município tinha IDHM de 0,22 e agora é 0,53. “Então, mais que dobrou. Eles conseguiram indicadores importantes. Mesmo a comunidade estando em crescimento a renda vai ser baixa, porque a região é pobre, mas não há miséria no município”, afirmou o deputado.
De acordo com Nilmário Miranda, há uma realidade em transformação no município “que não condiz” com o que foi publicado pela mídia. “Estive na cidade em 2005 e, voltando agora, fiquei impressionado com as mudanças. Todas as 32 aldeias têm escolas, energia elétrica, estradas de terra bem razoáveis, equipes de saúde da família. Com os quatro ônibus escolares, não há praticamente criança fora da escola, onde tem boa merenda e assistência médica-odontológica. A mortalidade infantil despencou, assim como a mortalidade materna. Só na Universidade Federal de Minas Gerais têm 36 jovens indígenas estudando, inclusive no curso de Medicina e tem mais de 100 jovens fazendo licenciatura. Isso tudo parecia um sonho distante há uma década,” ressaltou o petista.
Em 1995, São João das Missões foi emancipado como município. O último prefeito não indígena (1996/2004) foi preso e tornado inelegível. Em 2004, um grupo de educadores indígenas organizou-se politicamente e iniciou e mantem um processo de mudanças econômicas, políticas sociais e culturais no município.
Gizele Benitz