Em pronunciamento na tribuna da Câmara, na terça-feira (5), o deputado Newton Lima (PT-SP) cobrou apuração do escândalo envolvendo autoridades tucanas do governo de São Paulo e multinacionais que ganharam licitações para operar o metrô da capital e serviços da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
Citando editorial do jornal Folha de São Paulo – “O trem tucano”, de 31 de outubro – sobre o assunto, Newton Lima foi enfático ao apontar a existência de cartel formado pelas multinacionais. “Ao menos seis licitações teriam sido fraudadas, segundo documentos internos da Siemens, que apontavam conluios durante as administrações de Mário Covas, Geraldo Alckmin e José Serra”, diz o texto lido pelo deputado.
O petista também registrou o trecho do editorial que indica a negligência das administrações tucanas em relação às investigações que poderiam ser feitas pela Assembleia Legislativa do estado. “Enquanto se bloqueavam as tentativas de realizar uma CPI sobre o escândalo, surgiram nomes de possíveis beneficiários de propina no governo”, citou Lima, acrescentando que ainda são necessárias cinco assinaturas para a criação de uma CPI na Alesp.
“Nenhuma investigação foi feita, entretanto. E o motivo alegado para a omissão é de desafiar a credulidade até mesmo dos mais ingênuos”, afirma o editorial, que também critica o procurador Rodrigo De Grandis, responsável pela investigação, arquivada na Suíça por falta de empenho do Ministério Público brasileiro.
“Não bastassem as notórias dificuldades brasileiras para julgar, condenar e aplicar penas aos suspeitos de corrupção, vê-se, no caso Alstom, a intervenção de um fator acabrunhante: o engavetamento puro e simples. (…) Que não fique por isso mesmo, para que o trem tucano não prossiga até a muito conhecida estação chamada impunidade”, diz o editorial da Folha lido por Newton Lima.
O petista, que considera o caso “muito grave”, encerrou seu pronunciamento cobrando apuração do escândalo e punição aos culpados. “A nossa expectativa é de que o povo paulista saiba exatamente o tamanho do desvio de dinheiro que foi colocado. Portanto, é obrigação da Assembleia Legislativa, dos meus colegas deputados paulistas, abrirem a CPI, para que possamos apurar exatamente o tamanho do desvio e punir quem tiver que ser punido”, concluiu Lima.
Rogério Tomaz Jr.