Nem a ditadura militar proibiu visitas a Lula quando estava preso, como o Judiciário fez mais uma vez nesta quinta-feira (4). O desabafo é do jornalista e escritor Fernando Morais, impedido de se encontrar com o ex-presidente, juntamente com o jornalista Mino Carta. A visita estava agendada e foi proibida pela justiça paranaense. “Eles querem que fique claro quem é que manda nesse País”, disse, referindo-se ao Judiciário.
A proibição da visita – um direito de todos os presos – expõe o Estado de exceção sob o qual vivemos, analisou Morais. “Não é um absurdo contra o Mino Carta nem contra mim, é contra a sociedade”, afirmou. “Estive com Lula quando ele foi preso na ditadura e não posso visitá-lo durante a suposta democracia”, completou.
Morais afirmou que, em vista dos anos da ditadura, a situação do País é ainda pior atualmente. “O golpe agora é togado. Está muito pior. Os militares fizeram coisas horríveis, mas não venderam o Brasil. Agora estão fazendo tudo isso para entregar o petróleo, a Embraer e tudo o que der para entregar até 31 de dezembro, pois sabem que pode ser que no dia primeiro de janeiro a vaca deles vá para o brejo”, disse.
Mino Carta atribuiu a proibição da visita à incapacidade do Judiciário de resolver a questão sobre as visitas e entrevistas de Lula. Segundo ele, o motivo da proibição foi impedir que eles entrevistassem o ex-presidente, o que não era intenção deles. “O Judiciário local decidiu que nós, sendo jornalistas, poderíamos pretender entrevistar Lula”, disse.
“O que estamos vivendo no Brasil é uma vergonha”, afirmou Mino. Ele também lembrou de quando visitou Lula no Departamento de Ordem Política e Social (Dops), local onde o ex-presidente ficou preso sob o mando do regime militar. “Fomos bem recebidos pelo Romeu Tuma [então diretor-geral do Dops], que nos colocou numa sala de seu gabinete e se retirou para nos deixar conversar livremente”, recordou.
Agência PT de Notícias