A deputada federal Natália Bonavides (PT-RN) apresentou pedido de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar denúncias sobre o uso do sistema de inteligência para finalidades ilegais e para atender aos interesses particulares da família do presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, e sobre a existência de uma estrutura não oficial de inteligência (Abin paralela).
Para Natália, é inadmissível que o presidente esteja usando órgãos públicos na defesa do filho, como afirmam reportagens da revista ‘Época’. As matérias trouxeram à tona reuniões e relatórios de agentes do governo para auxiliar a defesa do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) no processo que envolve “rachadinhas” na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) e o laranja Fabrício Queiroz. Apontado como operador do esquema, o ex-PM foi preso em junho num sítio de Frederick Wassef, ex-advogado e uma espécie de conselheiro de Bolsonaro.
“Iniciamos a coleta de assinaturas para a instalação da CPI porque as instituições do Estado não podem ser um puxadinho da família Bolsonaro. É essencial que os órgãos que têm a atribuição de investigar e fiscalizar tomem para si a responsabilidade de buscar provas, pois é notório que há indícios do uso ilegal da inteligência por parte da família Bolsonaro”, pontuou a parlamentar.
A deputada informou também que pedirá ao STF afastamento do diretor-geral da Abin e a investigação de Jair Bolsonaro e Flávio. “O povo brasileiro merece que essa investigação seja realizada”, defendeu.
Investigação na PGR
Já existe uma investigação em curso na Procuradoria-Geral da República (PGR), aberta após uma Notícia-Crime protocolada por Natália Bonavides, que investiga se a família Bolsonaro mobilizou órgãos do governo federal para tentar encontrar elementos para anular as investigações contra o senador Flávio Bolsonaro.
Na semana passada, o líder da Bancada do PT na Câmara, Enio Verri (PR), protocolou na PGR representação cobrando apuração sobre o papel de Alexandre Ramagem, diretor-geral da Abin, e do general da reserva Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), ao qual a Abin é subordinada, no caso.
Além de Verri, a representação é assinada pela presidenta do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), pelos líderes da Minoria na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), e da Minoria no Congresso, Carlos Zarattini (PT-SP), e todos os demais 50 deputados e deputadas do partido. A petição requer a responsabilização dos agentes envolvidos e a verificação de ato de improbidade administrativa e crime contra a administração. Flávio também é arrolado na representação, que foi encaminhada ainda ao chefe do Ministério Público estadual do Rio de Janeiro.
“Não se pode compactuar com aqueles que, alçados aos mais altos cargos dos poderes da República, passam a fazer uso criminoso das instituições que deveriam dignificar na nobre missão de agentes públicos e políticos, fazendo das suas prerrogativas constitucionais caminhos para a realização de seus desejos e objetivos pessoais ou de terceiros, em detrimento da sociedade brasileira, das instituições democráticas e da Constituição Federal”, diz um trecho do documento.
Da redação com Assessoria Parlamentar