Em visita ao acampamento Lula Livre, em Brasília, o líder do PT na Câmara, deputado Paulo Lula Pimenta (RS), reforçou na manhã deste domingo (15) que o povo brasileiro não arredará pé das ruas até a liberdade de Lula e dimensionou a gravidade dos fatos que estão por trás de todo o processo que culminou na prisão do ex-presidente. Um desses fatos, que envolve aspectos geopolíticos mundiais, seria justamente o interesse dos Estados Unidos, segundo explicou o líder, nas reservas do pré-sal brasileiro, cujos objetivos jamais lograriam êxito com o Brasil sob o comando de um governo democrático-popular.
Pimenta lembrou que o presidente Lula, diferentemente de governos anteriores, conseguiu dar ao Brasil um papel de protagonista no cenário mundial, reunindo outras lideranças e estabelecendo acordos de cooperação que criaram e fortaleceram outros fluxos no comércio internacional. “Temos que perceber que, além de Lula e Dilma terem feito muito dentro do Brasil, eles começaram a promover mudanças fora. O presidente Lula, viajando pelo mundo, criou o Brics [aliança entre Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul], abrindo novos mercados. Também fortaleceu o Mercosul”, explicou.
Pimenta detalhou que o protagonismo do Brasil nos governos do PT veio acompanhado da descoberta de grandes reservas de petróleo no País. “Quando descobrimos o pré-sal, o Brasil passou a fazer parte de um grupo pequeno de países com grandes reservas de petróleo, com um governo soberano, independente, que também tem uma grande produção agrícola, que produz alimentos para o mundo, que tem água potável, que tem um povo maravilhoso, aliado ao fato de representar uma força política e estratégica no mundo”, pontuou.
Segundo o líder petista, essa nova realidade da qual o Brasil passou a fazer parte atiçou a sanha golpista, justamente porque essa nova conformação passou a contrariar interesses. “O golpe foi dado contra isso, o golpe foi dado para que nós não continuássemos cumprindo esse papel no mundo. Mas também foi dado porque um governo popular é um entrave aos interesses imperialistas. Não teria como entregar o pré-sal para as multinacionais com um governo eleito pelo povo, não teria como fazer uma Reforma Trabalhista para submeter os cidadãos e as cidadãs a um regime de quase escravidão num governo popular, não teria como destruir a Previdência ou cortar os gastos da saúde e da educação com um governo democrático no poder”.
Paulo Lula Pimenta, ao contextualizar o momento político e econômico do Brasil, disse ser fundamental compreender o que se passa no mundo para entender melhor em que realidade nosso País está inserido. Ao citar o recente ataque dos Estados Unidos à Síria, ele lembrou que todas as guerras promovidas pelos EUA nos últimos tempos foram motivadas por disputas que envolviam petróleo. Citou a guerra do Kuwait, a do Iraque e, atualmente, a da Síria, que geograficamente é uma divisa do petróleo entre o Oriente Médio e a Europa. Para ele, nessa disputa geopolítica do mundo, não resta dúvida de que o grande capital não aceitou o novo papel que o Brasil passou a desempenhar. A solução, então, foi promover o golpe para dar vazão aos interesses imperialistas.
Mas o líder petista ressaltou que algo deu errado e está minando o golpe midiático, parlamentar e jurídico aplicado à democracia brasileira. “Passados quase dois anos de golpe, já estamos chegando perto das eleições. E eles imaginavam que tirando a Dilma, iniciando a perseguição aos movimentos sociais, criminalizando nossas lideranças e perseguindo especificamente o Lula iriam chegar às vésperas das eleições com a gente fora do jogo político. E o que está acontecendo? A cada pesquisa, o Lula cresce; a cada Jornal Nacional atacando o Lula, ele cresce; a cada capa da Veja, o lula cresce”, mostrou, criticando logo em seguida a última pesquisa eleitoral, que excluiu Lula dos seis primeiros cenários possíveis e ainda comparou o resultado recente com pesquisa do começo do ano, quando vários possíveis presidenciáveis ainda nem apareciam na disputa.
“Eleição sem Lula é fraude, pesquisa sem Lula é fraude. Eles querem nos mantar no cansaço, querem nos neutralizar com a prisão de Lula”, definiu. “Mas nós não vamos sair das ruas. Esse acampamento aqui já é filho daquele lá de Curitiba. E outros estão surgindo em Fortaleza e no Rio de Janeiro. E estão sendo montados outros em várias partes do mundo. Já estão aparecendo acampamentos falando alemão, inglês, francês, espanhol e até japonês”, comemorou o líder.
O deputado Rubens Lula Otoni (PT-GO) também participou desde cedo das atividades no acampamento de Brasília. Segundo o parlamentar, as cidades goianas do Entorno do DF e os municípios de Goiás também estão mobilizados para defender e pedir a libertação imediata do ex-presidente Lula.
PT na Câmara
Fotos: Lula Marques