O deputado Marcon (PT-RS), em discurso na tribuna da Câmara nesta quarta-feira (27), questionou a omissão dos parlamentares em relação às pesadas denúncias de corrupção que recaem sobre o presidente da Casa, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). “Serão necessárias quantas denúncias para que esta Câmara venha a cassar Eduardo Cunha?”, reclamou o petista, que apontou o depoimento do lobista Fernando Baiano, ontem, no Conselho de Ética, como mais um fato contundente contra Cunha.
No depoimento o lobista teria afirmado, conforme relatou o deputado, que entregou pessoalmente cerca de R$ 4 milhões em espécie a pessoas ligadas ao presidente da Câmara.
“Esta Casa tem que dar uma resposta à sociedade brasileira, que está cansada de tanta demagogia por parte dos políticos. E o primeiro passo é cassar o presidente desta Câmara dos Deputados. Está mais do que comprovado que Eduardo Cunha praticou crime de corrupção. São contas na Suíça que foram omitidas, milhões recebidos indevidamente, e nada é feito por esta Casa”, questionou Marcon.
De acordo com o parlamentar, o lobista disse ainda que esse montante recebido por Cunha teria sido pago pelo também lobista Júlio Camargo. “Fernando Baiano disse que Camargo lhe devia R$ 16 milhões, segundo suas contas, mas acordou o pagamento de R$ 10 milhões. Cunha o teria ajudado a cobrar a dívida. Em troca, Baiano afirmou que repassaria parte do valor para a campanha de Cunha”, relatou o deputado.
No depoimento, enfatizou Marcon, Fernando Baiano disse também que, inicialmente, repassaria 20% do valor recebido, mas esse montante teria sido aumentado para 50%. O dinheiro teria sido entregue a um funcionário do presidente da Câmara, em um escritório no Rio de Janeiro, a pedido de Cunha.
“Portanto, reitero que esta Câmara precisa ter coragem para cassar o presidente Eduardo Cunha. Não existe mais nenhuma condição desta Casa ser presidida por um deputado comprovadamente corrupto”, alegou o petista.
Benildes Rodrigues
Foto: Ananda Borges