Parlamentares do PT na Câmara fizeram um paralelo histórico com uma situação vivida pela Argentina no ano 2000. Naquele momento, o país vizinho enfrentava uma grave crise econômica, causada, sobretudo, pela paridade artificial entre o peso e o dólar implantada pelo neoliberal Carlos Menem. Em 2000, o presidente Fernando de la Rúa estava no seu segundo ano de governo e via se agravar o ambiente político. Em outubro daquele ano, o vice-presidente Carlos “Chacho” Alvarez, renunciou ao cargo e denunciou a existência de corrupção no governo. A renúncia de Alvarez foi decidida em conjunto com o seu partido, a partido Frente País Solidário (FrePaSo), que entregou os cargos que possuía no governo de la Rúa.
Para o deputado Jorge Solla (PT-BA), o episódio poderia servir de lição para o Brasil. “Hoje no Brasil ocorre o contrário do que aconteceu na Argentina. Lá, quando o partido do vice-presidente decidiu sair do governo, o próprio vice-presidente se julgou impedido de continuar e renunciou ao seu cargo, numa atitude muito coerente”, elogiou Solla, que não acredita na repetição do exemplo argentino.
“Infelizmente não podemos esperar esse tipo de coerência do vice-presidente Michel Temer, que, além de não seguir a decisão do seu partido, é um dos capitães do golpe contra a presidenta Dilma”, lamentou Solla.
O deputado Enio Verri (PT-PR) é outro que faz a comparação das duas situações e cobra coerência do PMDB e de Temer. “O caso argentino mostra que é possível existir coerência na politica, mesmo quando as divergências inviabilizam a continuidade de uma aliança de governo. A diferença é que, aqui, o PMDB deixa o governo para aderir de vez ao golpe e o nosso vice-presidente, que deveria ser o primeiro a renunciar ao seu cargo, vai permanecer conspirando de dentro do governo, o que demonstra uma enorme falta de coerência e de ética”, avalia o paranaense.
Oportunismo – Já o deputado Leo de Brito (PT-AC), além de não acreditar na possibilidade de Michel Temer se inspirar no político argentino, considera “oportunista” a postura do vice-presidente brasileiro. “O que aconteceu na Argentina em 2000 guarda muitas semelhanças com a nossa situação hoje, mas não há dúvidas de que Michel Temer não pretende renunciar ao seu cargo. Ao contrário, ele vai entrar para a história como um grande oportunista, que tentou assumir o comando do País se aproveitando de um momento de fragilidade do governo”, critica o parlamentar.
Na Argentina, um ano após a renúncia do vice-presidente Alvarez, Fernando de la Rúa tomou a mesma decisão, num contexto de forte convulsão social onde o país teve cinco presidentes em apenas doze dias.
As críticas dos petistas à conduta de Temer em relação ao ocorrido na Argentina surgem num dia onde a hashtag #RenunciaTemer passou boa parte do dia encabeçando a lista de assuntos mais comentados do Twitter no Brasil e chegou até a figurar entre os tópicos mais discutidos da rede no mundo.
Rogério Tomaz Jr.