Mulheres de todos os cantos do Brasil e de países vizinhos, representantes de sindicatos, movimentos sociais e estudantis, partidos políticos, centrais de trabalhadoras, parlamentares e organizações sem fins partidários, lotaram na manhã desta terça-feira (23), o auditório Dante Barone, na Assembleia Legislativa do RS (AL), em Porto Alegre, para o ato “Mulheres pela Democracia”. Organizado pelo Comitê das Mulheres pela Democracia, com a presença da presidenta eleita Dilma Rousseff, o ato teve que ser transferido para a Praça Marechal Deodoro, por volta das 10h, após uma falta de energia que já se estendia por 45 minutos.
Nem a ausência de luz tirou o ânimo das mais de 1.500 mulheres que se reuniram no auditório da AL e posteriormente na praça, em frente ao Palácio Piratini, no centro da capital gaúcha. Antes de decisão de transferir o ato para a rua, as mulheres entoaram palavras em jogral para repassar as orientações do palco para as companheiras que se encontravam no fundo do auditório e iluminaram o local com as lanternas dos seus celulares. E o coro mais entoado foi um conhecido grito de ordem dos movimentos feministas que diz: “companheira me ajuda que eu não posso andar só, eu sozinha ando bem, mas com você ando melhor”.
Depois de mais de 45 minutos sem luz na AL, a secretária estadual de mulheres e de formação política do PT/RS, Misiara Oliveira, convidou as mulheres presentes dentro do auditório Dante Barone, a se retirarem do local pelas laterais do teatro para dar sequência ao movimento em defesa da democracia e do direito de Lula ser candidato. “Vamos para a rua com as demais companheiras que estão na resistência desde cedo, com tranquilidade e calma para manter nosso ato com paz na luta pela democracia”, disse. No final da manhã, quando o ato já se desenrolava na praça, a estimativa era de 15 mil pessoas no entorno.
Enquanto ainda tinha energia elétrica no Dante Barone, a secretaria nacional de mulheres do PT, Ana Caroline, destacou que ainda iria ocorrer, durante o dia, a chegada de aproximadamente duas mil mulheres em caravanas de vários Estados, mas principalmente de regiões próximas ao Rio Grande do Sul para engrossar o movimento. “É a prova de que as mulheres estão e sempre estiveram contra o golpe e na defesa da democracia. E não seria diferente agora neste momento importante de apoio ao ex-presidente Lula”, afirmou.
As amigas Florência Villa, 24 anos, e Luzia Klug, 20 anos, do Movimento Popular Pátria Livre da Argentina, não mediram esforços no deslocamento para o Rio Grande do Sul a fim de participar deste momento importante para a manutenção da democracia brasileira. “Estamos interagindo com companheiras do MST e do Levante Popular e dividindo as vivências das nossas organizações”, disse Florência, estudante de Serviço Social. Luzia, professora de história no país vizinho, ressaltou que elas não poderiam ignorar este chamado na consolidação das conquistas da América Latina. As duas estão no Acampamento, no Anfiteatro Por do Sol.
Depois de percorrer 2.530 quilômetros em 16 municípios do interior de seu estado, na semana passada, a senadora do PT de Piauí, Regina Souza, garantiu ter plena disposição para a caminhada que se iniciará no final da tarde, saindo da Esquina Democrática do Centro de Porto Alegre. Para a senadora, a preocupação de defender o direito de Lula ser candidato é fundamental para as mulheres, uma vez que quando ele esteve na Presidência, durante duas gestões, foi o período em que foram implantadas e criadas as políticas públicas que mais beneficiaram as mulheres. “E esta união das mulheres apenas reforça que não aceitaremos mais caladas os abusos e estamos dispostas a defender nossos direitos e a democracia”.
Para a senadora Fátima Bezerra, do PT de Rio Grande do Norte, neste momento “precisamos sim defender a democracia para evitar esta injustiça brutal que é esta farsa da sentença do juiz Sérgio Moro contra o ex-presidente Lula, uma vez que isto não se sustenta do ponto de vista técnico e jurídico”. Fátima destacou que mais do que o respeito e o carinho que desponta em todo o país, neste momento em apoio ao ex-presidente Lula e da consciência que está se criando em torno do fato, “o que está em jogo é o futuro deste país e a manutenção da nossa frágil e jovem democracia”.
Ao lembrar um poema do amazonense Thiago de Mello que diz: “faz escuro mas eu canto, porque a manhã vai chegar”, a deputada estadual do PCdoB, Manuela D’Avila, numa alusão à falta de luz dentro do auditório, afirmou que a união da mulheres simboliza muito da resistência que as mulheres vem construindo desde o início deste longo processo de golpe que começou com o impeachment da presidenta eleita Dilma Rousseff. “Continuaremos na resistência sempre”, prometeu Manuela.
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