Mulheres ainda encontram dificuldade para ingresso na política partidária

mulhersimboloA participação das mulheres na politica partidária brasileira é crescente, mas esta continua sendo uma atividade essencialmente masculina. Apesar de o país ser presidido pela primeira vez por uma mulher, a representação da bancada feminina na Câmara ainda é pequena. Representa apenas 8,77% do total de parlamentares, com 45 deputadas. No Senado, a representatividade alcança 15% dos 81 parlamentares.

Para deputadas do PT na Câmara, os 80 anos do voto feminino devem ser comemorados, mas a “invisibilidade” da mulher na política é observação unânime entre as parlamentares.

Para a deputada Fátima Bezerra (PT-RN), a dupla jornada de trabalho e as regras eleitorais atuais acabam inviabilizando a participação das mulheres na política. “As regras eleitorais são esclerosadas e atrapalham a participação feminina. Apesar de a legislação determinar que os partidos preencham ao menos 30% de suas candidaturas com mulheres, isso não é suficiente. Precisamos garantir o financiamento público de campanha, a paridade com igualdade e o recorte de gênero na reforma política”, disse.

Na avaliação da deputada Erika Kokay (PT-DF), a mulher não tem espaço, nem financiamento público. A discriminação, segundo ela, é antiga, acontece desde os tempos de escola e no local de trabalho. “As tarefas domésticas continuam sendo de responsabilidade feminina e impedem a sua ocupação no espaço público. É uma vergonha a desumanização da mulher, por isso lutamos pela igualdade de direitos”. Para a deputada, “essa cadeia só vai ser quebrada com a reforma política e com a eleição de uma mulher para cada homem eleito”, destacou.

A falta de financiamento público, de crédito e espaço são as maiores dificuldades para a presença da mulher na política, na opinião de Luci Choinacki (PT-SC). “As mulheres precisam de um impulso, de coragem, de botar a cara para entrar na política. Com Dilma Rousseff na Presidência da República, temos crédito e precisamos aproveitar para conquistar novos espaços”, destacou.

O PT foi o primeiro partido brasileiro a decidir pela paridade de gênero. A decisão aconteceu no congresso do Partido dos Trabalhadores, no ano passado. As demais legendas tentam garantir esse direito às mulheres filiadas, seguindo a regra prevista na lei que prevê a cota de 30% para as mulheres nas candidaturas proporcionais.

De acordo com o professor José Eustáquio Diniz Alves, doutor em demografia e professor titular do mestrado em estudos populacionais e pesquisas sociais da Escola Nacional de Ciência Estatística (Ence), os partidos políticos brasileiros funcionam como “um grande funil”, que impedem o aumento da participação política feminina.

“É como um vestibular que vai selecionando. Nessa seleção, as mulheres ficam de fora. Quem decide a lista de candidatos são os homens”, ressaltou. “Se fizermos uma comparação com a proporção nas câmaras de outros países, o Brasil ocupa o 142º lugar. Há 141 países com participação melhor de mulheres. Estamos piores que o Afeganistão, Iraque, o Timor Leste, Moçambique e Angola”, acrescentou Alves, que também contesta a premissa de que a mulher brasileira não vota em mulher.

Ivana Figueiredo e Michele Rocha  com Agência Brasil.

Está gostando do conteúdo? Compartilhe!

Postagens recentes

CADASTRE-SE PARA RECEBER MAIS INFORMAÇÕES DO PT NA CÂMARA

Veja Também