Temas como a luta popular, os retrocessos comandados pelo atual governo e o avanço do neoliberalismo no mundo foram debatidos no painel de abertura do encontro da Coordenação Nacional do MST, que acontece até a sexta (27), em Fortaleza, no Ceará.
Participaram do debate Sergio Gabrielli, professor de Economia da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e ex-presidente da Petrobras, Jandyra Uherara, da Executiva Nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Jaime Amorim, da direção nacional do MST e o professor do programa de pós-graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural da Universidade de Brasília (UnB), Sergio Sauer.
Para Jaime Amorim, o golpe consolidou os planos da burguesia e isso fica claro quando analisados os retrocessos que estão sendo vividos pela classe trabalhadora. “Não estamos vivendo em qualquer tempo. A saída de Dilma, do ponto de vista da burguesia, era uma necessidade para que se pudesse aplicar um programa a serviço do capital”, disse.
Ainda para Amorin, todos os trabalhadores, de um modo geral, vão perder com a agenda implantada por Michel Temer. “Nós, camponeses, vamos perder. Toda a sociedade vai. As economias de municípios do interior, especialmente do Norte e do Nordeste, vivem com base no dinheiro das aposentadorias de trabalhadoras e trabalhadores rurais”, finalizou.
Já o professor Sérgio Gabrielli falou sobre os fatos internacionais que interferem diretamente na conjuntura brasileira. Como exemplo, ele citou a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos, o desmonte da União Europeia e a mudança na economia chinesa.
Gabrielli também falou sobre os desafios que deverão ser enfrentados pela esquerda brasileira. “Nesse momento de indefinição do bloco dominante, nós também temos indefinição no bloco de oposição, ou bloco popular. Precisamos redefinir alianças, uma pauta. Mas também precisamos avançar em termos de propostas para reconquistar os brasileiros”, pontuou.
Mobilizações
Paralelo a isso, Jandyra Uherara, da CUT, lembrou que a esquerda mundial vive um processo de desorganização, enraizamento da direita no seio da classe trabalhadora e aumento da concentração e das desigualdades.
Esses elementos, segundo ela, demandam da classe trabalhadora redefinições de um projeto de sociedade para a construção de uma alternativa concreta.
“Temos o desafio de vincular as manifestações e ter uma unidade política em torno de um projeto para o País. Isso tende a dar uma resposta ao conjunto de necessidades da classe trabalhadora. O que estamos vivendo é reflexo de nossos erros. Não há conciliação de classes, mas, sim, o exercício de avançar na organização, no retorno das lutas de massa e num programa que seja o horizonte estratégico para a classe trabalhadora”, salientou.
Nesse contexto, Sérgio Sauer, frisou que o governo golpista tomou iniciativas que indicam as intenções de Temer em relação à Reforma Agrária, como a destruição do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e o fechamento da Ouvidoria Agrária. Sauer também apontou a volta da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Fundação Nacional do Índio (Funai) e do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) o atual processo de demarcação de terras indígenas como “atitudes que identificam quais as intenções do atual governo em relação as pautas centrais da classe trabalhadora”.
Ato político
Nesta quarta-feira (25), às 19h30, o MST promove em Fortaleza um ato político com a presença de governadores, senadores, deputados e de diversas representações da sociedade civil. A atividade será realizada no clube da Cofeco, localizado na capital cearense.
MST com PT no senado
Foto: Luiz Fernando