Após a noite que reuniu 1,25 milhões nas ruas do Brasil foi um divisor de águas entre os que iniciaram os protestos e aqueles que utilizam a massa para praticar outros atos que não representam o espírito democrático das manifestações iniciadas na última segunda-feira (17).
Em razão disso, boa parte dos movimentos sociais emitiu uma carta aberta à presidenta Dilma Rousseff (PT). As entidades reconhecem os protestos realizados em 15 capitais e centenas de cidades ao longo da semana, mas alegam que setores conservadores estão se aproveitando das massas para disputar o sentido das manifestações.
“Os meios de comunicação buscam caracterizar o movimento como anti Dilma, contra a corrupção dos políticos, contra a gastança pública e outras pautas que imponham o retorno do neoliberalismo. Acreditamos que as pautas são muitas, como também são as opiniões e visões de mundo presentes na sociedade. Trata-se, no entanto, de um grito de indignação de um povo historicamente excluído da vida política nacional e acostumado a enxergar a política como algo danoso à sociedade”, definem os movimentos na carta.
Na avaliação dos movimentos sociais, “as recentes mobilizações são protagonizadas por um amplo leque da juventude que participa pela primeira vez de mobilizações. Esse processo educa aos participantes permitindo-lhes perceber a necessidade de enfrentar aos que impedem que o Brasil avance no processo de democratização da riqueza, do acesso a saúde, a educação, a terra, a cultura, a participação política, aos meios de comunicação”. Por isso, os coletivos sugerem que a presidenta Dilma aproveito momento para avançar nas pautas essenciais para o estado verdadeiramente democrático.
“Diante do exposto nos dirigimos a V. Ex.a para manifestar nosso pleito: Em defesa de políticas que garantam a redução das passagens do transporte público com redução dos lucros das grandes empresas. Somos contra a política de desoneração de impostos dessas empresas. Nos comprometemos em promover todo tipo de debates em torno desses temas e nos colocamos à disposição para debater também com o poder público. Propomos a realização com urgência de uma reunião nacional, que envolva os governos estaduais, os prefeitos das principais capitais, e os representantes de todos os movimentos sociais. De nossa parte estamos abertos ao diálogo, e achamos que essa reunião é a única forma de encontrar saídas para enfrentar a grave crise urbana que atinge nossas grandes cidades”, diz o documento.
Assinam a carta:
ADERE- Associação dos Trabalhadores Assalariados Rurais de Minas Gerais
Assembleia Popular
Jornalistas do Barão de Itararé
CIMI- Conselho Indigenista Missionário
CMP- Central de Movimentos Populares
MMC-Movimento de Mulheres Camponesas
CMS- Coordenação de Movimentos Sociais
Coletivo Intervozes pela Democratização dos Meios de Comunicação
CONEN- Coordenação Nacional das Entidades Negras
Consulta Popular
CTB- Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil
CUT- Central Única dos Trabalhadores
Fetraf- Federação dos Agricultores Familiares
FNDC- Fórum Nacional pela Democratização da Midia
FUP – Federação Única dos Petroleiros
Juventude Koinonia (das igrejas cristãs tradicionais)
Levante Popular da Juventude
MAB- Movimento dos Atingidos por Barragens
MAM- Movimento Nacional pela Soberania Popular frente a Mineração
MCP Movimento Campones Popular (Goiás)
MMM – Marcha Mundial de Mulheres
Movimentos da Via Campesina
MPA- Movimento dos Pequenos Agricultores
MST- Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
SENGE/PR- Sindicato dos Engenheiros do Paraná
Sindipetro – Sindicato dos Petroleiros de São Paulo
SINPAF- Sindicato dos Trabalhadores e Pesquisadores da EMBRAPA e Codevasf
UBES- União brasileira de estudantes secundaristas
UBM- União Brasileira da Mulher
UJS- União da Juventude Socialista
UNE- União Nacional dos Estudantes
UNEGRO União Nacional do Negro
Foto: Roberto Stuckert Filho / PR