Movimentos defendem agroecologia como alternativa ao combate à fome

A volta de cerca de 11,8 milhões de brasileiros para a extrema pobreza, aliada aos cortes em políticas públicas e ao elevado índice de desemprego, é um fator que aponta para o possível retorno do Brasil ao mapa da Fome. Esta é a avaliação de Cristina Nascimento, coordenadora da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA). Para ela, só é possível evitar esta calamidade se o combate à fome acontecer em conjunto com a defesa da agroecologia.

Em parceria com movimentos populares da Via Campesina, a ASA está realizando a Caravana Semiárido Contra a Fome. A caravana partiu de Caetés (PE) na última sexta-feira (27) e chegou nesta segunda (30) a Belo Horizonte (MG). Na capital mineira, um ato político e cultural aconteceu no Armazém do Campo – espaço que comercializa produtos orgânicos e agroecológicos oriundo especialmente das cooperativas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Artistas e políticos, como o deputado Patrus Ananias (PT) e o músico Flávio Renegado, participaram do evento.

A Caravana segue para Guararema (SP) e depois para a Vigília Lula Livre, em Curitiba (PR). Da capital paranaense, os ônibus partem rumo a Brasília onde haverá um ato em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Agroecologia – A coordenadora da ASA explicou que a produção de alimentos deve manter a segurança alimentar para os trabalhadores rurais e também ser sustentável em relação ao meio ambiente. “Queremos barrar a volta da fome com a retomada das políticas públicas. É fundamental pensar que não é só dar comida para as pessoas encherem a barriga, mas possibilitar o acesso ao alimento de qualidade, com nutrientes que sejam naturais”, defende.

Cristina Nascimento destacou que as iniciativas do Estado brasileiro de combate à seca ao longo da história não passavam de um paliativo para que as famílias não morressem de fome, mas não promoviam a autonomia dos agricultores. “Na contramão disso, já havia no semiárido várias organizações que trabalhavam com as famílias agricultoras no sentido de conviver com o lugar onde estão. Se você perguntar para uma família no interior, verá que ela não quer sair de lá, ela quer ter condição de permanecer”, afirma a coordenadora da ASA no Ceará.

Para Cristina Nascimento, o Programa 1 Milhão de Cisternas, criado no primeiro mandato do ex-presidente Lula, é uma forma importante de dar autonomia para as famílias agricultoras. Ela informou que, por causa dessas políticas públicas, os últimos sete anos de seca no semiárido não geraram uma grande migração de famílias do sertão rumo às cidades em busca de alimentação. “Avaliamos que essas estruturas hídricas e de produção de alimentos possibilitaram que as famílias continuassem minimamente produzindo o que iam comer”, relatou.

Contudo, os cortes nas políticas públicas e a aprovação da Emenda Constitucional 95, que instituiu um limite para o crescimento dos gastos públicos nos próximos 20 anos, estão mudando o cenário e se tornando um dos principais fatores da volta da insegurança alimentar. “Nas políticas de acesso à água, que estão dentro das ações de convivência com semiárido, tivemos um corte de 92% do orçamento de 2016 pra cá, o que impactou bastante toda a ação que a gente vinha desenvolvendo com as comunidades. O corte de recursos também impacta a produção de alimentos saudáveis, uma vez que para o semiárido produzir é preciso ter água”, afirma Valquíria Lima, também da Coordenação Nacional da ASA.

PT na Câmara com informações do Brasil de Fato

 

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