Em discurso duro feito na abertura da reunião da Comissão de Legislação Participativa (CLP), desta quarta-feira (3), o presidente do colegiado, deputado Leonardo Monteiro (PT-MG) disse que o Parlamento brasileiro não pode ser “puxadinho do Poder Executivo”, em contraposição à decisão do presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), que sustou a decisão da Comissão que havia aprovado na semana passada – por unanimidade – a convocação do ministro da Justiça e Segurança, Sérgio Moro, para prestar esclarecimentos sobre o decreto do governo que alterou a regulamentação da posse de armas e o pacote anticrime.
“Fica difícil rebater esse conceito da “velha política” quando a imagem que se passa é de um Parlamento apequenado, acovardado e um verdadeiro puxadinho do Poder Executivo. Esse Parlamento não pode ser moeda de troca das barganhas nem de negociações menores”, criticou o deputado.
Para Leonardo Monteiro as instituições precisam ser respeitadas, e o Parlamento deve ter a garantia de sua autonomia. “Não podemos ter um presidente da Casa que se comporte como líder do Governo. Precisamos fortalecer essa Casa em suas prerrogativas de legislar e fiscalizar. Essa decisão fragiliza não apenas a Comissão, mas todo o Parlamento”, alertou.
Ele adiantou que todas as medidas serão tomadas para reverter a decisão arbitrária de Rodrigo Maia que, segundo ele, “afronta a todos nós, mas principalmente a sociedade civil”.
O parlamentar criticou ainda a prática recorrente dos integrantes do governo Bolsonaro em fugir dos debates. Segundo ele, os bolsonaristas gostam mesmo é de se esconder por trás das redes sociais. “Um tema de interesse público que afeta diretamente a vida da população e que, segundo Moro, atende a grande clamor do público, no entanto, parece que debater e dialogar com a sociedade não é o forte em um governo que se esconde por trás do Twitter”, rechaçou o parlamentar mineiro.
Benildes Rodrigues