A deputada Moema Gramacho (PT-BA) condenou nesta terça-feira (15) a seletividade nas investigações, nos vazamentos e nas prisões que fizeram da Operação Lava-Jato um instrumento político de perseguição à presidenta Dilma Rousseff, ao ex-presidente Lula e ao Partido dos Trabalhadores. A deputada lamentou ainda a postura de alguns membros do Ministério Público, da Justiça e da Polícia Federal que são artífices dessa ação seletiva, bem como lamentou o comportamento daqueles brasileiros que foram às ruas levantar a bandeira do combate à corrupção sob um viés também direcionado e distorcido.
“Outro dia eu peguei uma revista dessas que são panfletos da oposição, de março de 2015, e lá já estava explícito qual era o foco do juiz [Sérgio] Moro, que é o presidente Lula. Estava claro qual era o intento da Operação Lava-Jato e daqueles que de forma seletiva têm utilizado as informações e as delações para prejudicar o nosso governo”, apontou a parlamentar.
Ela lembrou que, de maneira semelhante, as manifestações do último domingo (13) também traduzem essa postura, na medida em que o apelo ao combate à corrupção não se dá “de forma aberta, isenta e explícita, porque estão escolhendo quem deve ser investigado”. Para demonstrar na prática essa atitude, a deputada citou as reivindicações que foram estampadas em faixas e cartazes.
“Foram poucas faixas que vimos contra o Cunha e contra os seus aliados. Dificilmente vimos qualquer manifestação contra os diversos outros denunciados: Cássio Cunha Lima, cassado pelo TSE; os representantes do governo Alckmin que roubaram a merenda escolar em São Paulo; o Aécio Neves, envolvido em cinco deleções e na lista de Furnas, que foi citada novamente por Delcídio”, detalhou Moema.
Ela reforçou que a relação de pessoas e situações não para por aí: “Eu podia falar do Trensalão de São Paulo; do mensalão do DEM, do DEM como um todo e de todos os seus escudos para mudar de cara, mas mantendo a mesma prática. Ninguém até hoje investigou nada relacionado à fortuna da família Magalhães [de ACM], tampouco como conseguiram a TV Bahia. Então, vivemos hoje essa investigação seletiva e essa forma de se manifestar seletivamente”.
Moema avaliou que o contingente de brasileiros que foi às ruas no domingo não pode ser desconsiderado, já que a presidenta Dilma governa para todos, porém, segundo a deputada, é preciso fazer uma avaliação mais aprofundada da manifestação, cujas participantes, de acordo com algumas pesquisas, tinham um perfil de classe média/alta, de cor branca e de nível superior.
“Então, o perfil dos que foram para as ruas está declarado: estamos vivendo uma luta de classes, com um ingrediente que é pior. Inserido nessa luta de classe está o ódio. E foi esse ódio contra Dilma, contra Lula e contra o PT que foi para a rua se expressar”, disse. No fundo, de acordo com Moema, essas pessoas, amparadas no discurso de combate à corrupção, não se conformam com a derrota nas últimas eleições e querem decidir a situação no golpe e não no voto.
“A tentativa de impeachment não se baseia em nada que desabone a conduta da presidenta Dilma, muito pelo contrário, tudo o que Dilma fez os outros fizeram”, afirmou a deputada, referindo-se aos repasses de recursos aos bancos públicos para pagamento de programas sociais. “E tem uma coisa que ela fez que os outros não fizeram. E ninguém pode acusá-la. Ela não foi omissa. Foi a partir dos governos Lula e Dilma que as instituições passaram a ser autônomas, independentes e com estrutura para fiscalizar”.
PT na Câmara
Foto: Salu Parente/PTnaCâmara