A deputada Moema Gramacho (PT-BA) criticou, na tribuna, o voto em separado do deputado João Carlos Bacelar (PR-BA), que pede uma punição mais branda – suspensão de três meses – para o presidente afastado da Câmara e réu no Supremo Tribunal Federal, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no Conselho de Ética. “Se o Parlamento quiser ainda ter um mínimo de respeito do povo brasileiro não pode votar nem no Conselho de Ética nem neste plenário diferente do que apontou o relator Marcos Rogério (DEM-RR), que foi pela cassação do mandato de Cunha”, afirmou. O relatório será votado no Conselho de Ética na próxima terça-feira (14).
Na avaliação da deputada Gramacho, o relator fez um brilhante e consistente relatório, que trouxe provas, a partir de depoimentos, de delações, das contas na Suíça e de várias outras informações obtidas oficialmente da Procuradoria-Geral da República.
“Não há mais dúvida de que não só ele (Cunha) mentiu, como obteve vantagens ilícitas. Portanto, ele está enquadrado sim na quebra do decoro parlamentar e deve ser cassado”, reforçou.
Moema fez questão de enfatizar que acredita que a maioria dos deputados será coerente. “Eles vão dar celeridade a esta cassação de Eduardo Cunha, para que não haja um precedente, como o Senado abriu na hora em que entregou o então senador Delcídio Amaral de bandeja”. Ela explicou que só depois que Delcídio foi preso e virou delator é que ele voltou para o Senado e o Conselho de Ética abriu processo que culminou com a sua cassação.
“Este é um precedente que o Senado abriu e que a Câmara não deve abrir. Isso não significa defender Eduardo Cunha. É preciso dar celeridade ao Conselho de Ética, votar favorável à cassação, trazer para o plenário da Casa e rapidamente votar a cassação definitiva, porque já se ouvem comentários de que Eduardo Cunha pode ser preso”, alertou.
Moema Gramacho aproveitou ainda para citar a deputada Tia Eron (PRB-BA), considerada o voto decisivo no Conselho de Ética. “Eu tenho certeza de que a deputada Tia Eron, que não esteve no Conselho de Ética na terça-feira, estará no colegiado na próxima reunião para dar seu voto contra Eduardo Cunha. Para dar seu voto em favor dos brasileiros, para dar seu voto pela cassação de Eduardo Cunha e a favor democracia. Não posso esperar outra coisa dessa deputada da Bahia”.
A deputada Moema encerrou o seu pronunciamento dizendo que, se o Parlamento ainda tem “um pingo de zelo pela sua conduta, pela ética, pela democracia e pela defesa da Constituição e do Regimento Interno desta Casa, este Parlamento tem que orientar seus deputados a votarem no Conselho de Ética e aqui no plenário pela cassação de Eduardo Cunha”.
Vânia Rodrigues
Foto: Salu Parente/PT na Câmara
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