O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, criticou a omissão do governo de Jair Bolsonaro (PL) em relação aos indígenas yanomamis, e chamou o ex-presidente de “fugitivo que abandonou o Brasil” — ele viajou para os Estados Unidos no final de 2022, antes de concluir seu mandato. Padilha afirmou que ao negar “a fome e o sofrimento nos corpos do povo yanomami”, Bolsonaro adota “um negacionismo criminoso de quem vive de fabricar ódio e mentiras”.
Alexandre Padilha destacou que os quatro anos de Bolsonaro no poder foram de “barbaridades cometidas contra os povos indígenas”, o que inclui descaso com a proteção das terras indígenas, que “foram ocupadas por atividades ilegais que trouxeram sofrimento ao nosso povo e destruição à natureza”. “Não tem realidade virtual que esconda o sofrimento do povo yanomami. E agora o mundo está vendo mais uma face desse trágico legado”, completou.
O fugitivo que abandonou o Brasil e até hoje não admitiu a derrota eleitoral acha que consegue sustentar, de Miami, as mentiras que adoeceram o Brasil nos últimos quatro anos. (+)
— Alexandre Padilha (@padilhando) January 22, 2023
Bolsonaro nega descaso. Em um texto publicado no Telegram, o ex-presidente afirmou que a saúde indígena era “prioridade do governo federal” e que, entre 2020 e 2022, foram realizadas 20 ações de saúde em territórios indígenas.
No entanto, segundo dados do relatório “Povos Indígenas e Meio Ambiente”, lançado no ano passado pelo Coletivo RPU Brasil, na gestão Bolsonaro houve aumento da mortalidade de bebês indígenas, crescimento de 90% nos desmatamentos em terras indígenas, desmantelamento da Funai e descaso com as instituições de ensino para esses povos.
Após a justificativa dada por Jair Bolsonaro, o presidente do Considi-YY (Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuana), Júnior Hekurari Yanomami, disse que a explicação do ex-presidente para a crise humanitária e sanitária dos yanomamis em Roraima é “injustificável”.
Governo Lula cria comitê de crise. O presidente Lula (PT) visitou Roraima no sábado (21), em ação conjunta com os Ministérios dos Povos Indígenas, Saúde e Desenvolvimento. Um comitê de crise foi instalado e vai durar 90 dias.
O Ministério da Justiça determinou que a Polícia Federal abra investigação sobre genocídio, caracterizado pelo extermínio deliberado de uma comunidade, grupo étnico, racial ou religioso, e crimes ambientais na região.
Na sexta-feira (20), o Ministério da Saúde decretou estado de emergência para combater a falta de assistência sanitária que atinge os yanomamis. A portaria foi publicada em edição extra do DOU (Diário Oficial da União) e já está em vigor.
Fonte: UOL