O ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência da República, se reuniu nesta quarta-feira (15) com a Frente Parlamentar Evangélica do Congresso para esclarecer o comentário que fez sobre a influência dos evangélicos na sociedade brasileira. O ministro afirmou que a sua fala no Fórum Social, em janeiro, foi divulgada de forma equivocada. Gilberto Carvalho também pediu “perdão” pelo sentimento que suas declarações provocaram. “O pedido de desculpas que fiz, de perdão, não foi pelas minhas palavras, e sim pelos sentimentos que elas provocaram”, afirmou.
Gilberto Carvalho disse que suas declarações foram traduzidas e interpretadas de forma equivocada. “Deram a entender que o governo se armava para fazer uma guerra de disputa com as igrejas evangélicas. Vim aqui para dizer que isso não é verdade. Não temos, de maneira nenhuma essa intenção”, afirmou. O ministro acrescentou que o governo considera as igrejas evangélicas parceiras importantes. “Não temos nenhuma intenção e seria uma loucura pensarmos em fazer uma rede para combater as igrejas evangélicas. Quero manifestar aqui publicamente o respeito e o carinho que nós temos por elas e a parceria que nós queremos aprofundar”, disse.
Para a maioria dos parlamentares que participaram da reunião, evangélicos ou não, os esclarecimentos do ministro foram importantes, verdadeiros e encerra o mal entendido gerado no episódio. O próprio presidente da Frente Parlamentar, deputado João Campos (PSDB-GO), afirmou ao final da reunião que o assunto estava superado. Os deputados evangélicos Gilmar Machado (PT-MG) e Benedita da Silva (PT-RJ), afirmaram que, além de encerrar o desentendimento, o encontro serviu para estabelecer um diálogo entre a Bancada Evangélica e o governo. “ Prevaleceu o respeito, o bom senso e vamos intensificar o diálogo pois as igrejas, independentemente de denominação, querem trabalhar em parceria com o governo”, afirmaram.
O líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), avaliou que o resultado do encontro não poderia ser diferente. “Quem conhece o ministro Gilberto Carvalho sabe do respeito que ele tem pelos evangélicos”. Vaccarezza enfatizou que partiu do próprio ministro a disposição de vir à Câmara, esclarecer qualquer mal entendido.
Os deputados Emiliano José (PT-BA) e Luci Choinacki (PT-SC) consideraram que o encontro deu início a um processo amplo de diálogo do governo com a Bancada Evangélica, mas enfatizaram que, em um Estado Laico como o Brasil, a convivência tem que ser fraterna e não de intolerância.
O deputado José De Filippi (PT-SP) ressaltou a religiosidade do ministro, que já foi seminarista, e considerou que Gilberto Carvalho agiu com dignidade e de forma correta ao vir à Câmara esclarecer o mal entendido. “É fundamental a parceria governo/igreja, independentemente da crença, para o desenvolvimento dos projetos de inclusão”, afirmou.
Aborto – O ministro Gilberto Carvalho durante o encontro com os evangélicos também reafirmou a posição da presidente Dilma Rousseff em relação ao tema do aborto. “A presidenta pediu que eu reafirmasse para a bancada que a posição do governo sobre aborto é a posição que ela assumiu na campanha eleitoral e que as posições que nós ministros sustentamos publicamente não são posições individuais, são posições do governo e a posição do governo sobre essa questão (aborto) está absolutamente clara e assim vai continuar”.
O temor da bancada evangélica é porque a nova ministra de Políticas Públicas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, é defensora de mudança na legislação relativa ao aborto.
Os deputados Edson Santos (PT-RJ), Fátima Bezerra (PT-RN) e Paulo Teixeira (PT-SP) também estiveram na reunião.
Vânia Rodrigues
