Em depoimento aos parlamentares da CPI da Petrobras na Câmara, nesta quarta-feira (15), o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou que a sindicância sobre o grampo ilegal na cela do doleiro Alberto Youssef, na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, está sendo feita “em sigilo” e que escutas ilegais são caso “gravíssimo”. De acordo com Cardozo, “se, ao final, ficar comprovado que houve escutas ilegais, haverá punições àqueles que as praticaram”.
O ministro foi convocado à CPI para dar explicações especificamente sobre o caso das escutas clandestinas encontradas na cela de Youssef. Segundo Cardozo, a corregedoria da Polícia Federal agiu para verificar a situação de ilegalidade que poderia estar ocorrendo no momento e determinou a instauração de sindicância para investigar o possível envolvimento de agentes da Policia Federal. “A sindicância tramita em sigilo e ainda está em curso”, informou.
Há pouco menos de duas semanas, o agente da Polícia Federal Dalmey Werlang revelou em sessão da CPI que implantou escutas clandestinas na Superintendência da PF em Curitiba, na cela do doleiro, a mando de três superiores. O delegado Mário Fanton, da PF, que foi a Curitiba apurar vazamentos da Lava Jato, relatou ter sofrido pressão dos colegas do Paraná e recomendou que a sindicância sobre a escuta fosse refeita.
O ministro declarou que não cabe a ele interferir diretamente nos inquéritos e nas investigações conduzidas pela Policia Federal e refutou as acusações de que instrumentaliza o órgão a serviço dos interesses do governo. “São críticas infundadas. É importante entender o papel do ministro da Justiça e sua relação com a Polícia Federal. O ministro da Justiça é fiscal do abuso do poder e da legalidade”, reiterou.
Cardozo defendeu a presidente Dilma Rousseff e negou que ela tenha, em algum momento, solicitado interferências nos processos de investigação ou reclamado de sua atuação à frente do ministério. “É uma pessoa de honestidade inatacável. Seus próprios adversários reconhecem a honestidade da presidente Dilma. Nenhum fato relacionado à corrupção chegará perto da presidente”, garantiu o ministro.
O ministro da Justiça disse que os vazamentos de delações premiadas de pessoas envolvidas na operação Lava Jato são “ilegais”, “criminosos” e prejudicam as investigações. Ele assegurou que agirá com “imenso rigor” sempre que um vazamento for detectado pela Corregedoria da Polícia Federal.
Encontros – Cardozo também desmontou a argumentação da oposição a respeito de encontros da presidenta Dilma Rousseff e dele mesmo com autoridades do Judiciário e do Ministério Público. O ministro reiterou o fato de que todos os encontros mencionados pela oposição foram públicos e divulgados pela mídia e que, no caso de chefes de poderes da República, o diálogo, sempre que oportuno, é de praxe e faz parte das atribuições do cargo.
PT na Câmara com informações do Brasil 247 e Agência Câmara
Foto: Salu Parente/PT na Câmara