Ministro da Educação escancara visão elitista de Bolsonaro que “universidade para todos não existe”

Que Jair Bolsonaro governa para o capital e seus correligionários, todos sabem. Mas nesta segunda-feira (28) a irresponsabilidade do atual governo com o povo brasileiro tomou novas proporções. Um país carente de educação, que, secularmente, teve o serviço como um “bem privado” de uma elite, agora tem suas conquistas ameaçadas. Em entrevista ao Valor Econômico desta segunda-feira, o ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, afirmou que “a ideia de universidade para todos não existe.”

Depois de defender o ensino a distância, propor cobranças para o ensino superior público, agora, a equipe de Bolsonaro assume, literalmente, que a graduação não é para todas as brasileiras e brasileiros. Rodríguez ainda fez questão de excluir os menos privilegiados em sua visão de ensino no País. Ele acrescentou que “as universidades devem ficar reservadas para uma elite intelectual, que não é a mesma elite econômica [do país].”

A reportagem apresenta ainda o despreparo do ministro de Bolsonaro que apela para a discussão de ideologia de gêneros. Ele afirma que as escolas ensinam “menino a beijar menino e menina a beijar menina”, mas ao ser questionado sobre a falta de evidências desta tese, ele se esquiva sem qualquer prova concreta.

As afirmações tão absurdas mostram que o atual governo parece “desconhecer” a realidade brasileira ou então não tem reservas para assumir de qual lado realmente está.

 

Bancada do PT critica exclusão

Parlamentares da Bancada do PT na Câmara usaram suas contas no Twitter para rebater a afirmação do ministro Vélez Rodríguez. “Bolsonaro e seus ministros vivem fora da realidade: agora querem definir quem pode e quem não pode ir para universidade pública. É óbvio que não será o filho do trabalhador, o filho do pobre e nem os estudantes de periferia. Um absurdo”, criticou Alencar Santana, deputado eleito pelo PT-SP.

Para a deputada Margarida Salomão (PT-MG), ex-reitora da Universidade Federal de Juiz de Fora, a ideia bolsonarista de que as universidades devem pertencer a um grupo seleto da elite brasileira revela o pensamento tacanho daqueles que se abancaram no Palácio do Planalto.

“A pobreza da visão de mundo de Vélez [ministro da Educação] condena o Brasil à pobreza. Isso porque não compreende como a economia do futuro não passa pelo ensino técnico, mas pelo ensino superior, pelo progresso acadêmico dos estudantes, pela inovação tecnológica”, disse a deputada no Twitter.

O ministro de Bolsonaro “defende um País onde o Ensino Superior contemple apenas uma ‘elite intelectual’, citando a Alemanha como exemplo de país onde a taxa de pessoas com ensino superior é baixa. Ora, o Brasil ainda tem que remar muito para alcançar a Alemanha! É quase outro 7 a 1”, ironizou a deputada.

Em uma frase curta, o deputado José Guimarães (PT-CE) sentenciou o destino do ensino público universitário brasileiro. “Tempos sombrios para a educação pública do nosso país”, lamentou.

Também em sua conta no Twitter, o deputado Zeca Dirceu (PT-PR) disse que alguém precisa avisar ao ministro que universidade tem que ser para todos. “Um governo precisa lutar pela ampliação do acesso ao ensino superior e não querer restringi-lo a um grupo”, frisou.

 

Governos de Lula e Dilma mudaram a realidade da educação

Os anúncios feitos recentemente pelo atual governo, mostram que todos os avanços conquistados pelo povo brasileiro nos últimos anos estão ameaçados. Pagando uma dívida secular do Estado ao povo, os governos do PT implantaram políticas como a expansão dos campi federais e dos institutos, a criação de programas como ProUni que ajudou 50 milhões de pessoas a ingressarem nas universidades.

Foi durante os governos de Lula e Dilma que famílias viram, pela primeira vez, um familiar receber o diploma de graduação.

Em entrevista publicada no ano passado, Lula falou sobre a sua atuação, e de seu ministro à época Fernando Haddad. “Em pouco tempo proibimos a palavra ‘gasto’ em Educação; em 12 anos fizemos mais escolas técnicas do que eles fizeram em cem anos; em 12 anos colocamos mais jovens na universidade que eles colocaram em 100 anos. Essa gente tem preconceito contra isso?”

 

Educação deve ser prioridade, mas para Jair não é

Apesar de todos os esforços do Partido dos Trabalhadores na educação brasileira e dos avanços conquistados — uma das maiores marcas principalmente nos mandatos de Lula — ainda há muito o que fazer nesta área que ficou durante séculos abandonada pelo poder público.

Estudo da Abmes (Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior) divulgado em abril de 2017, aponta que 70% dos estudantes brasileiros não chegam à universidade por falta de dinheiro. A pesquisa informa ainda que 23% não continuaram com os estudos por não conseguirem passar em uma instituição pública.

A Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua 2017, estudo publicado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2018, apresenta também dados alarmantes sobre o jovem no Brasil. São 48,5 milhões de pessoas, com idade entre 15 e 29 anos que não estudam e nem trabalham: os famosos nem nem. Este número aumentou quase 6% em relação ao estudo do ano anterior.

Os números apontam para um declínio na educação brasileira e a postura do atual ministro mostra a falta de respeito e de cuidado deste governo com o povo.

 

Agência PT de Notícias com informações do Valor Econômico e PT na Câmara

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