A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, ressaltou a “inquietude do governo” na busca de um consenso sobre as decisões a serem adotadas pelos 174 países que vão participar da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio + 20, que acontece de 20 a 22 de junho, no Rio de Janeiro.
“Como as resoluções da ONU precisam se dar por consenso, penso que vamos ter muito trabalho ao analisar as cerca de 170 páginas do Zero Draft [Rascunho Zero]”, disse a ministra, no Seminário sobre Economia Sustentável realizado pela Frente Parlamentar Ambientalista, nesta terça-feira (27) no auditório Nereu Ramos, na Câmara.
Além do Zero Draft – documento com sugestões e contribuições de países, organizações internacionais, grupos regionais e da sociedade civil que servirá de base para os debates da Rio + 20 -, Izabella Teixeira defendeu a inclusão da questão climática na pauta da Conferência. Ela enfatizou que o mundo precisa elevar o desenvolvimento sustentável ao mesmo patamar do desenvolvimento humano.
“Há uma dificuldade muito grande de se encarar o desenvolvimento sustentável como prioridade, como agenda central”, argumentou. Para a ministra, “não dá para continuar com o cenário de negócio pelo negócio, porque vamos piorar a fome, a escassez de recursos e o problema ambiental”, ponderou.
A busca do consenso na Rio +20 também é defendida pelo deputado Márcio Macêdo (PT-SE), que tem participado ativamente das discussões sobre a Conferência. O parlamentar defende, no entanto, que a Rio+20 trabalhe em cima do conceito de sustentabilidade e a erradicação da pobreza e aprofunde o conceito de economia verde, que ainda não é claro, principalmente para os países em desenvolvimento.
“A Rio + 20 é a conferência mais importante de todos os tempos, portanto, a decisão do governo federal de realizar discussões anteriores e debates pós-conferência é um grande desafio. Temos que chegar ao evento sem acúmulos e permitir que o Parlamento, o setor produtivo, a imprensa, enfim, a sociedade brasileira estejam atentos à importância do tema. Hoje, a sustentabilidade tem um conceito mais claro do que propriamente a economia verde”, afirmou Macêdo.
Durante o seminário, o ministro Paulino Franco, chefe da Divisão de Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores, relatou as reuniões preparatórias que o Itamaraty vem realizando com o objetivo de receber sugestões de temas da sociedade civil para serem debatidas na Rio +20.
O representante da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) no Brasil, Hélder Muteia, elogiou a “abertura do Brasil para o diálogo”, manifestou a preocupação da FAO com a fome que atinge mais de 1 bilhão de pessoas em todo o mundo e defendeu um novo modelo de desenvolvimento que incorpore o conceito de sustentabilidade.
“ Precisamos repensar urgentemente a forma de desenvolvimento utilizada pela grande maioria dos países. Além da destruição das florestas, da expansão demográfica, da escassez de água, da crise energética , da emissão de gases, precisamos lidar com a fome e a pobreza”, afirmou Hélder Muteia, que é natural de Moçambique.
Ivana Figueiredo