Após a histórica decisão do STF que recuperou os direitos políticos e demonstrou a inocência de Lula depois da perseguição de Sergio Moro e da Lava Jato, o ex-presidente concedeu entrevista coletiva, nesta quarta-feira (10), em São Bernardo. Lula abriu seu discurso prestando solidariedade às famílias das vítimas de Covid-19 e disse que a dor da injustiça causada pela Lava Jato não se compara ao luto dos brasileiros.
“Sei o que minha família passou. Que a Marisa morreu. Poderia estar magoado. Mas não estou. A dor que sinto não é nada diante da dor que sofrem hoje milhões de brasileiros”, afirmou Lula. “A dor que eu sinto não é nada perto do que sentem os familiares das quase 270 mil vítimas do coronavírus”, disse o ex-presidente.
Faz quase 3 anos que saí daqui desse sindicato para me entregar na Polícia Federal.
Muitos foram contra. Sabiam que estavam prendendo um inocente.
Como eu tinha clareza das mentiras contadas sobre mim, tomei a decisão de provar minha inocência de dentro da prisão.
— Lula (@LulaOficial) March 10, 2021
Lula também parabenizou e agradeceu o trabalho dos profissionais na linha de frente do Sistema Único de Saúde (SUS), sem os quais a tragédia seria muito maior. “Se não fosse o SUS, teríamos perdido muito mais gente do que perdemos, apesar do governo tirar tanto dinheiro do SUS”, observou.
Lula condenou a política negacionista de Bolsonaro, que se negou a oferecer vacinas ao povo brasileiro. Para ele, não se deve discutir dinheiro para vacinas, que são uma questão de amor à vida e não do culto às armas. “Vou tomar minha vacina, não importa de que país, se é duas ou uma”, afirmou o ex-presidente, que garantiu que vai fazer propaganda para a vacina.
“Não siga nenhuma decisão imbecil do presidente ou do ministro da Saúde. Tome vacina”, pediu Lula. Ele lamentou ainda o fracasso das imunizações. “Vacinamos 80 milhões de pessoas em três meses. Cadê o querido Zé Gotinha? Bolsonaro mandou embora porque pensou que era petista. Mas Zé Gotinha era suprapartidário, era humanista”.
Mortes naturalizadas
Lula lamentou a explosão de mortes por Covid-19 no Brasil e condenou o que considera uma naturalização da tragédia. “Noite passada, esse vírus matou quase 2 mil pessoas. As mortes estão sendo naturalizadas, mortes que poderiam ser evitadas se tivéssemos um governo para fazer o elementar”, denunciou Lula.
Lula ressaltou que, diante da gravidade da crise, é dever do governo federal criar um gabinete de crise, reunindo ministérios, governadores, comunidade científica para “toda a semana, orientar a sociedade sobre o que fazer” e “priorizar dinheiro para comprar vacinas de qualquer lugar”. Segundo Lula, “Bolsonaro não sabe o que é ser um presidente”.
Redação da Agência PT