Sem unanimidade pró-golpe, partidos com posição fechada a favor do impeachment – que já enfrentam dissidências dentro de suas próprias bancadas em favor da democracia – agora precisam dar respostas à sua militância. Um exemplo é o Partido Socialista Brasileiro (PSB), cuja militância, em carta aberta, posiciona-se contrária à decisão da cúpula partidária. Os militantes afirmam que o alinhamento do PSB com o golpe trai todo o seu projeto político-partidário e coloca o pragmatismo à frente de qualquer ideologia.
“A militância aguerrida, resistente e lutadora do PSB vem a público manifestar-se contraria à decisão da Executiva do Partido de apoiar um golpe de estado transvestido de impeachment. Sim, um golpe, pois atualmente não existe nada provado que leve a presidenta da República a ser impedida de exercer seu mandato constitucional e legalmente investido”, dizem os militantes.
No documento, eles reforçam que o crime de responsabilidade, base legal para o impeachment, não está provado neste pedido. Baseados nesse argumento,consideram que, sem a existência de um fato concreto, o impedimento do atual mandato é golpe. “Um golpe é caracterizado quando a ruptura da normalidade democrática é realizada. Por isso, nós, da militância do PSB, não deixaremos de afirmar que o processo de impeachment tramitando no Congresso é um cru e cruel golpe de estado”.
Os militantes também fazem na carta uma avaliação do atual momento político que entendem ser “conturbado e confuso”, com a existência de escândalos de corrupção que apontam para todos os lados. “Não sobram partidos. Todos, inclusive o nosso, receberam doações de empresas investigadas na Lava-Jato. Entretanto, devemos nos ater que o processo de impedimento aberto contra a Presidenta da República não é referente à operação em curso ou a qualquer escândalo de corrupção”, esclarecem.
Eles chamam também a uma reflexão sobre o sistema representativo partidário que demonstra sinais de falência numa democracia sustentada pelo poderio econômico de grandes empresas e políticos. “Recentemente tivemos uma grande vitória em relação a isto – o fim do financiamento privado de campanha. Agora é o momento de a bandeira da reforma política ser levantada. Reforma essa que deve ser construída com a sociedade civil organizada, com as ruas e, principalmente, com os jovens”.
No fim do documento, a militância do PSB reforça sua postura pela democracia. “Não concordamos em trair o País. Não concordamos em ser uma massa de manobra nesse jogo odiento. Nós temos um lado e ele com certeza não é o lado da mídia, não é o lado de Temer e Cunha, tampouco o lado de Bolsonaro e de viúvas da ditadura militar. Nosso lado é o lado do povo, o lado da democracia, o lado dos artistas e intelectuais, o lado da luta e da resistência”.
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