Ao contrário do que se viu na grande mídia tupiniquim, que é protagonista do golpe, a cobertura internacional sobre o afastamento da presidenta Dilma Rousseff, decidida pelo Senado na última quinta-feira (12), expôs ao mundo as irregularidades do processo do impeachment e o caráter político do processo. Além disso, inúmeros veículos estrangeiros criticaram duramente a composição do ministério interino do golpista Michel Temer.
O site de notícias “The Young Turks”, dos Estados Unidos, que acumula 2,3 bilhões de visualizações dos seus vídeos no Youtube, não usou meias palavras para definir a conspiração contra Dilma. “Impeachment brasileiro é na verdade um golpe corporativo”, afirmou o apresentador Cenk Uygur no comentário publicado na semana passada.
O principal jornal estadunidense publicou duro editorial e ironizou a nova situação brasileira em sua conta no Twitter. “Um governo sem mulheres? Bem-vindo ao novo Brasil”, satirizou o New York Times no microblog. “A primeira escolha do novo presidente do Brasil para ministro da ciência? Um criacionista”, acrescentou o Twitter do jornal. Além disso, o NYT também criticou o Congresso Nacional, referindo-se à instituição como “um circo que tem até um palhaço”.
O britânico The Guardian afirmou que o impeachment “é mais político do que jurídico”.
O mexicano La Jornada estampou na sua capa um título com a denúncia feita pelo site WikiLeaks: “O novo presidente do Brasil, informante da CIA”.
O site italiano AgoraVox foi bastante contendente na crítica ao governo interino. “Presidido por Michel Temer, um dinossauro da pior política, sob investigação por corrupção e com intenções de voto de 2%, é um governo não eleito por ninguém, sexista e racista, composto exclusivamente por homens brancos, com sete ministros sob investigação por corrupção”, afirmou o veículo no domingo (15).
Para o francês Le Monde, o impeachment é “uma verdadeira bomba em um regime presidencialista”, enquanto o site The Conversation, também da França, fala em “implosão da ‘nova República’ brasileira”.
Confira abaixo mais algumas manchetes e trechos de artigos da mídia internacional sobre o afastamento da presidenta eleita em 2014 e a composição excludente do governo interino do golpista Michel Temer.
“Novo presidente do Brasil já é profundamente impopular”, Washington Post (EUA).
“Brasil: o espectro de um golpe militar pode ressurgir”, Europe 1 (França).
“O golpe foi consumado. Brasil junta-se agora a Honduras e Paraguai”, Global Research (Canadá).
“No Brasil agora prevalece a direita velha, rica e branca”, Heise (Alemanha).
“Novo governo interino do Brasil só de homens marca mudança conservadora”, NPR (EUA).
“Os velhos tempos estão de volta no Brasil”, Die Zeit (Alemanha).
“Em Brasília, um novo ministério é implantado, e à primeira vista, você tem que perguntar: É estupidez ou desespero?”, Deutschlandfunk (Alemanha).
“A problemática composição do governo Temer”, Le Vif (Bélgica).
Rogério Tomaz Jr.