O deputado Luiz Couto (PT-PB) repudiou, no plenário da Câmara, nesta terça-feira (1º), o fato de a mídia brasileira ter omitido ou ter dado pouco destaque à decisão do procurador Ivan Cláudio Marx, do Ministério Público Federal (MPF), de pedir à Justiça Federal o arquivamento da investigação criminal que apura tentativa de obstrução da Operação Lava Jato por parte do ex-presidente Lula. Em delação premiada, o ex-deputado Delcídio do Amaral acusou Lula de tentar embaraçar os trabalhos dos investigadores.
“Se a decisão do MPF não mereceu qualquer citação na abertura dos telejornais, pelo menos se acende mais um sinal de alerta de que não basta só delatar. É preciso apresentar provas, tal como ocorreu nos casos envolvendo Joesley Batista, Michel Temer e Aécio Neves”, alertou o parlamentar, diferenciando a delação de Delcídio da de Joesley, que apresentou comprovações dos crimes que comunicou ao Ministério Público.
Luiz Couto lembrou que, no pedido de arquivamento, o procurador ressaltou, entre outros aspectos, que não se pode desconsiderar o interesse do delator em encontrar fatos para delatar terceiros, especialmente contra o ex-presidente Lula, que seria um alvo a ser atingido como forma de aumentar seu poder de barganha diante da Procuradoria-Geral da República no seu acordo de delação.
Segundo Couto, o procurador foi incisivo ao declarar que a implicação do ex-presidente em possíveis crimes era, sim, do interesse de Delcídio, o que retirava a credibilidade de sua palavra como delator. Citando ainda o procurador, o parlamentar disse que Ivan Marx considerou não haver nenhuma corroboração para a versão apresentada por Delcídio, e nem mesmo a possibilidade de buscá-la por outros meios, lembrou. “Por fim, argumentou que não se pode falar em prática de crime e que o arquivamento da investigação é medida que se impõe”, explicou o deputado.
“Sem dúvida, essa atitude do Ministério Público Federal está em harmonia com os fatos, amplamente divulgados, que revelaram quem realmente está preocupado em impedir as investigações, seja na Lava Jato ou no Congresso Nacional. Os brasileiros sabem quem foi pego em flagrante cometendo delito. Estes continuam exercendo seus mandatos no Senado e na Presidência da República, enquanto Lula, sem qualquer prova que o incriminasse, foi impedido de assumir um ministério”, completou Luiz Couto.
PT na Câmara