Mercosul quer que espionagem dos EUA seja debatida na Assembleia da ONU

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Os chanceleres de Brasil, Argentina, Uruguai e Venezuela estiveram reunidos, na segunda-feira (5), em Nova Iorque com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. Os representantes do Mercosul manifestaram repúdio à espionagem dos Estados Unidos na América Latina, seguindo a orientação deliberada na última reunião de chefes de Estado do bloco, em Montevidéu, no início de julho.

O objetivo dos países do Mercosul é incluir o tema na pauta da Assembleia Geral da ONU, em setembro. O secretário-geral da ONU manifestou preocupação com o caso e se mostrou inclinado a colocar o assunto na pauta da Assembleia Geral.

Para o deputado Newton Lima (PT-SP), presidente da representação brasileira no parlamento do Mercosul (Parlasul), a movimentação do bloco é importante, especialmente porque existem propostas concretas para serem apresentadas ao conjunto dos países da ONU. “Os chefes de Estado, representados pelos seus chanceleres, demonstraram muita firmeza não apenas para repudiar a prática de espionagem, que fere a soberania dos povos e quebra a confiança entre os países, mas para apresentar propostas que contribuam para coibir isso. Devemos estabelecer uma governança democrática da internet e espero que este tema seja incluído na pauta da próxima Assembleia Geral da ONU”, avalia Newton Lima.

O presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara, deputado Nelson Pellegrino (PT-BA), tem opinião semelhante à do colega de bancada. “Todos os presidentes do Mercosul manifestaram incômodo e repúdio ao esquema de espionagem e essa movimentação junto ao secretário geral da ONU terá desdobramentos em âmbito internacional. Esperamos que, além da atitude de condenação, os países da comunidade internacional precisam definir quais serão os próximos passos para evitarmos que essas práticas cessem ou não se repitam mais”, afirmou Pellegrino.

A deputada Iriny Lopes (PT-ES) também elogiou a iniciativa do Mercosul e lembrou o recente incidente com o presidente da Bolívia. “Nós todos devemos nos movimentar, especialmente o Mercosul, porque essa questão não pode ser decidida apenas pela União Europeia e os Estados Unidos, inclusive porque eles têm tomado iniciativas em conjunto de muito desrespeito para o nosso continente, vide o caso do presidente Evo Morales, que teve a sua vida ameaçada por conta da proibição de uso do espaço aéreo de vários países”, citou Iriny.

O Mercosul pretende instruir as delegações dos países que vão participar da Assembleia Geral a apresentar uma proposta formal e solicitar mecanismos de prevenção e sanção em âmbito multilateral.

“Fizemos um alerta sobre as graves implicações de práticas que são atentatórias à soberania dos Estados e também violam direitos humanos, direitos à privacidade, o direito à informação, conforme a própria alta comissária para direitos humanos das Nações Unidas já reconheceu. Foi bem recebida a nossa gestão pelo secretário-geral”, disse o chanceler brasileiro, Antônio Patriota.

O episódio com o mandatário boliviano também deverá ser abordado pelos países do eixo latino-americano na reunião da ONU em setembro. O chefe de Estado teve sua aeronave presidencial impedida de fazer pouso de reabastecimento em quatro países europeus – Espanha, França, Itália e Portugal – por ordem dos EUA, que suspeitavam que Morales estava abrigando o ex-agente Edward Snowden. O ex-espião estava na Rússia, exatamente onde estava Evo antes do incidente.

Leia mais: Decisões do Mercosul atestam vitalidade e unidade política, avalia Newton Lima

Rogério Tomaz Jr. com portal GGN

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