Mercosul: Lula assume a presidência e crítica imposições da UE para acordo

O presidente Lula, em Puerto Iguazú, na Argentina, na reunião em que recebeu de Alberto Fernández a presidência rotativa do Mercosul, nesta terça-feira (4) Foto: Ricardo Stuckert

O Brasil recebeu da Argentina, nesta terça-feira (4), a presidência rotativa do Mercosul, do qual também fazem parte o Paraguai e Uruguai. Durante a 62ª reunião dos chefes de Estado do bloco, em Puerto Iguazú, na Argentina, o presidente Lula reafirmou o compromisso com a conclusão do acordo de livre-comércio com a União Europeia, mas considerou “inaceitável” o Instrumento Adicional apresentado pelos europeus, que prevê, entre outras cláusulas, sanções aos países do Mercosul que descumprirem o Acordo de Paris – compromisso mundial pela redução da emissão de gases do efeito estufa.

O Brasil vai presidir o Mercosul por um período de seis meses. Além de trabalhar pela conclusão do acordo com a UE, o país ficará encarregado de realizar o Fórum Social, o Fórum Empresarial e a próxima cúpula do bloco.

Estou comprometido com a conclusão do Acordo com a União Europeia, que deve ser equilibrado e assegurar o espaço necessário para adoção de políticas públicas em prol da integração produtiva e da reindustrialização. O Instrumento Adicional apresentado pela União Europeia em março deste ano é inaceitável. Parceiros estratégicos não negociam com base em desconfiança e ameaça de sanções”, afirmou Lula. Segundo ele, “é imperativo que o MERCOSUL apresente uma resposta rápida e contundente”.

 

Outro ponto do Instrumento Adicional criticado por Lula é o que abre espaço para produtos europeus nas compras governamentais do Brasil. Segundo o presidente, isso seria altamente prejudicial para as empresas brasileiras. “É inadmissível abrir mão do poder de compra do estado – um dos poucos instrumentos de política industrial que nos resta”, ressaltou. “Não temos interesse em acordos que nos condenem ao eterno papel de exportadores de matéria-primas, minérios e petróleo”, enfatizou.

Segundo Lula, “a proliferação de barreiras unilaterais ao comércio perpetua desigualdades e prejudicam os países em desenvolvimento”. Na sua visão, “combater o ressurgimento do protecionismo no mundo implica resgatar o protagonismo do MERCOSUL na Organização Mundial do Comércio”.

Volume de negócios

comércio com os países do Mercosul é essencial para a economia brasileira. Em 2021, o volume de negócios com os parceiros do bloco já havia recuperado os níveis pré-pandemia, com cerca de US$ 35 bilhões. Em 2022, foi de US$ 40,7 bilhões. Nos cinco primeiros meses de 2023, as transações chegaram a mais de US$ 17 bilhões – aumento de 12,3% na comparação com o mesmo período do ano passado.

A maior parte dos itens exportados pelo Brasil para os parceiros do bloco é de produtos industrializados, como veículos e autopeças.

Leia a íntegra do discurso de Lula aqui.

PTNacional

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