Em petição ao ministro Ricardo Lewandowski, a defesa do presidente Lula apresentou trechos inéditos das mensagens conhecidas como Vaza Jato revelando de forma contundente que o juiz Sergio Moro tramou com os procuradores de Curitiba na denúncia contra Lula, antes mesmo de ela ser formalizada. A revista Veja teve acesso à petição e publicou as conversas, antes que todo o material fosse posto em sigilo de Justiça pelo ministro Lewandowski.
“É impossível esperar mais pelo julgamento da suspeição de Moro, com as descobertas da defesa de Lula nos arquivos da Vaza Jato. Juiz tramou denúncia com procuradores desde o início. Combinaram até delações. Credibilidade da Justiça está nas mãos do STF”, cobrou a presidenta do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR).
As mensagens secretas do Telegram escancaram acertos entre Moro e Dallagnol em atos processuais, na formulação de acordos sobre como proceder em denúncias, meses antes da apresentação formal dos casos, o que evidencia a estratégia de primeiro condenar e, depois, construir processos, obter delações e produzir “provas”.
“Em uma das mensagens, trocadas em 16 de fevereiro de 2016 e incluída pela defesa de Lula na ação, o então magistrado pergunta se os procuradores têm uma “denúncia sólida o suficiente”, afirmou a revista na reportagem, fato que comprova a suspeita urgência de Moro no processo contra Lula.
Naquele momento, a Lava Jato de Curitiba estava disputando com a Justiça Estadual de São Paulo a jurisdição sobre o caso do triplex, o que explica a cobrança de celeridade que o juiz Sérgio Moro demonstra em sua primeira frase no diálogo com o procurador Deltan Dallagnol.
A mensagem mostra que Sérgio Moro e os procuradores tramavam a denúncia antes mesmo de abrir o processo contra Lula, planejando antecipadamente a escolha de futuros delatores, do que teriam a dizer, como revela Dallagnol.
A troca de mensagens ocorreu uma semana antes da condução coercitiva ilegal de Lula, que já estava sendo grampeado ilegalmente, assim com seus advogados, assessores e, inclusive, seus familiares, em especial Dona Marisa.
Em mensagens trocadas entre 28 de novembro e 1º de dezembro de 2015, Dallagnol e Moro comentam sobre reunião com “os suíços, que vêm pra cá pedindo extremo sigilo quanto à visita”. situação depois negadas por eles.
Os trechos enviados pela defesa ao STF na petição não haviam sido revelados nas diversas reportagens da Vaza Jato e, a exemplo do registro das conversas realizadas no dia 23 de fevereiro, são mais comprometedores do que tudo que já foi divulgado.
Para os advogados de Lula, citados na reportagem da Veja, “é possível desde já constatar, para além da escancarada ausência de equidistância que deveria haver entre juiz e partes.
Eles apontam como exemplos, a efetiva existência de troca de correspondência entre a “Força Tarefa da Lava Jato” e outros países que participaram, direta ou indiretamente, do Acordo de Leniência da Odebrecht, como, por exemplo, autoridades dos Estados Unidos da América e da Suíça.
A defesa de Lula também adverte para a existência de documentos e informações que configuram quebra da cadeia de custódia relacionados aos sistemas da Odebrecht.
E, ainda, a busca selvagem e a lavagem de provas pelos órgãos de persecução, com a ciência e anuência do juízo de piso”.
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Da Agência PT de Notícias