A situação de Jair Bolsonaro diante da Justiça fica, a cada dia, mais complicada. Segundo reportagem exibida no domingo (20) pelo Fantástico, da Rede Globo, fonte da Polícia Federal confirma que mensagens encontradas no celular do tenente-coronel Mauro Cid incriminam o ex-capitão.
Segundo o programa, as mensagens “indicam que o ex-presidente sabia das tentativas de Cid vender e depois resgatar as joias” que pertenciam ao Estado brasileiro, mas que Bolsonaro e sua esposa, Michelle, decidiram surrupiar.
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Quando se tornarem públicas, essas mensagens farão com que Bolsonaro seja, mais uma vez, pego na mentira de forma vergonhosa. Na semana passada, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o ex-capitão tentou jogar toda a responsabilidade em cima de Cid, que foi seu ajudante de ordens na Presidência da República.
Em mais uma cena armada para parecer um homem simples, Bolsonaro conversou com o jornalista em uma lanchonete enquanto comia pão e tomava um pingado. Ali, disse que Cid tinha “autonomia”, sugerindo que o tenente coronel agiu por conta própria.
Cid teme pela segurança da família
Essa afirmação, no entanto, já foi desmentida pelo advogado de Mauro Cid, Cezar Bitencourt, que em mais de uma ocasião afirmou que Cid agiu a mando de Bolsonaro, que recebeu o dinheiro das joias que foram vendidas ilegalmente.
Bitencourt também participou da reportagem do Fantástico e voltou a dizer que a ordem de venda partiu de Bolsonaro, e que o dinheiro de pelo menos um item, um relógio da marca Rolex, foi para o ex-presidente.
“O Cid realmente vendeu esse relógio e mandou o dinheiro parceladamente (…), destinou a quem de direito, que era a família presidencial, o presidente e a primeira-dama”, disse.
O advogado revelou também que Cid ainda não contou esses fatos à Polícia Federal e que o fará apenas quando novo depoimento for agendado. “Evidentemente, ele precisa ser assegurado, pois é uma coisa perigosa, ele sabe, tem consciência, é difícil, é complexa. Toda preocupação que se tem é com a família.”
Escândalo ressoa na CPMI
Para muitos membros da CPMI do Golpe, a comissão de inquérito deveria investigar o escândalo das joias, uma vez que existe a possibilidade de o dinheiro obtido com a venda das peças ter ajudado a financiar a tentativa de golpe de Estado da qual Bolsonaro e vários membros de seu governo participaram.
Na sessão desta terça-feira (22), esse tema deve ser discutido, uma vez que será votada uma nova série de requerimentos de convocação de testemunhas e pedidos de acesso a documentos.
Além disso, na quinta-feira (24), será colhido o depoimento do sargento Luís Marcos dos Reis, que também integrou a Ajudância de Ordens de Bolsonaro.
Além de ser suspeito de ter participado diretamente do ataque às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro, ele movimentou em suas contas R$ 3,34 milhões entre 1º fevereiro do ano passado e 8 de maio deste ano. Com uma renda mensal de R$ 13,3 mil, ele recebeu dezenas de depósitos e repassou parte dos recursos para Mauro Cid.
Mais do que joias
A CPMI do Golpe já descobriu, após a quebra do sigilo bancário de Mauro Cid, que o ex-ajudante de ordens tinha uma conta milionária secreta na qual foram movimentados R$ 8,4 milhões entre 2020 e 2022.
Os relatórios entregues à CPMI, segundo O Estado de S. Paulo, mostram também que Cid administrou outros R$ 2,3 milhões como procurador das contas de Jair Bolsonaro. Tanto dinheiro, desconfiam parlamentares da CPMI, podem ter vindo de outras ações ilegais e não só da venda de joias.
PTNacional