Maria da Conceição Tavares: The Economist pauta-se por interesses escusos

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A professora Maria da Conceição Tavares já deixou registrado que a revista inglesa The Economist é pautada por interesses escusos do capitalismo global e não apenas por seus jornalistas.  Para a professora, sempre que esses interesses estão em jogo, a Economist se pauta por eles, e não simplesmente pelos fatos jornalísticos.

Em artigo reproduzido pelo site Brasil 247, ela diz: “Não acredito nessa geração espontânea nas páginas da Economist, por mais que isso combine com o seu conservadorismo”; para ela, “o alvo é 2014”. Essas considerações foram feitas na virada de 2012 para 2013, quando a Economist, com todas as letras, e de maneira grosseira, pediu a cabeça do ministro da Fazenda, Guido Mantega, à presidente Dilma Rousseff. O artigo de Maria da Conceição serve como uma luva para o caso presente: na capa desta semana, o magazine volta a fazer carga pela desestabilização da economia brasileira.

Segundo o site Brasil 247, Pedro Malan, ex-ministro da Fazenda do governo neoliberal e antinacional de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), tornou-se uma das principais fontes de informação da publicação.  Malan é, atualmente, diretor do banco Itaú.

Abaixo, o texto de autoria da professora Maria da Conceição Tavares, publicado originalmente no site Carta Maior:

“A revista Economist sabe, e se não sabe deveria saber o que está acontecendo no mundo; a revista Economist, suponho, enxerga o que se passa na Europa; sobretudo, não é cega a ponto de não ver o que salta aos olhos em sua própria casa.

A economia inglesa despenca de cabo a rabo atrelada ao que há de mais regressivo no receituário ortodoxo, numa escalada pró-cíclica de fazer medo ao abismo. Então que motivações ela teria para criticar o Brasil com a audácia de pedir a cabeça do ministro da economia de um governo que se notabiliza por não incorrer nas trapalhadas que estão levando o mundo à breca?

O coro contra o Mantega não me convence. Nem nas suas alegações, nem nos seus protagonistas, nem na sua batuta.

Não acredito nessa geração espontânea nas páginas da Economist, por mais que isso combine com o seu conservadorismo. Não acredito que a motivação seja econômica e não acredito que o alvo seja o Mantega

Pela afinação do coro vejo mais como algo plantado daqui para lá; o alvo é 2014 e o objetivo é fortalecer o mineiro (NR Aécio Neves)

A mim não me enganam. Ah, quer dizer então que o Brasil vive uma crise de confiança, por isso os empresários não investem? Sei…

O investimento está retraído no planeta Terra, nos dois hemisférios do globo. Bem, a isso se dá o nome de crise sistêmica. É disso que se trata. Hoje e desde 2008; e, infelizmente, por mais um tempo o qual ninguém sabe até quando irá, mas não é coisa para amanhã ou depois, isso é certo. Então não existe horizonte sistêmico de longo prazo e sem isso o dinheiro foge de compromissos que o imobilizem. Fica ancorado em liquidez e segurança, em papéis de governo ricos, em especial (paga para se abrigar nos papéis alemães, por exemplo, recebendo em troca menos que a inflação).

Não é fácil você compensar em um país aquilo que o neoliberalismo esfarelou e pisoteou nos quatro cantos do globo. Por isso, não se investe nem aqui, nem na China ou nos EUA do Obama. E porque também muitos setores estão com capacidade ociosa – no mundo, repito, no mundo.

A política monetária sozinha não compensa isso, da mesma forma que o consumo não alarga o horizonte a ponto de estender o longo prazo requerido pelo capital. Então do que essa gente está falando?

Alguns deles certamente conseguem compreender o que estou dizendo. Estes, por certo não fazem a crítica que eu faria, se fosse o caso de fazer alguma. A meu ver o Brasil tem que ser ainda mais destemido na redução do superávit primário – e nisso Mantega está sendo até excessivamente fiscalista, para o meu gosto.

Mas com certeza a malta que pede a sua cabeça não pensa assim. Também não pensa, como eu penso, que o governo deve ir mais depressa no investimento estatal, fazer das tripas coração no PAC, porque é daí, do investimento público robustecido que pode irradiar a energia capaz de destravar a inversão privada.

Mas não. A coisa toda cheira eleitoral. A economia internacional não vai crescer muito em 2013. O Brasil deve ficar acima da média. Mas, claro, nenhum desempenho radiante e eles sabem disso.

Então imaginam ter encontrado a brecha para fincar o pé de palanque do mineiro. E começam a disparar para atingir Dilma.”

“Agora pergunte o que eles propõem ao Brasil. Pergunte. E depois confira onde querem chegar olhando as estatísticas de emprego, investimento e as sondagens quanto a confiança dos empresários em Portugal, na Inglaterra, Espanha… Ora, façam-me o favor”

Equipe PT na Câmara

Foto: divulgação

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