FOTO: SALU PARENTE/PT NA CÂMARA
O deputado Marco Maia (PT-RS), relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Petrobras, garantiu nesta quarta-feira (6) que não houve vazamento de nenhuma pergunta da comissão para os depoentes que têm ido ao colegiado. A afirmação é uma resposta às denúncias da revista Veja, de supostos vazamentos na CPI do Senado que também investiga a Petrobras. “Não existe a menor possibilidade de que perguntas da comissão tenham vazado para depoentes”, reforçou.
Marco Maia explicou que as perguntas que ele faz em suas inquirições são formuladas por um assessor de sua inteira confiança, com o apoio da Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados, sem nenhum vínculo com o Senado. Ele acrescentou, no entanto, que é praticamente impossível que em duas CPIs com objeto e depoentes idênticos não exista a repetição de alguns questionamentos.
“Na audiência com o ex-presidente da estatal José Sérgio Gabrielli, por exemplo, eu não fiz nenhuma pergunta, mas muitas das questões apresentadas por parlamentares de oposição já haviam sido feitas em depoimentos anteriores”, destacou Marco Maia. Ele disse ainda que o importante na CPMI é investigar as supostas denúncias envolvendo a Petrobras e “produzir um relatório que aponte novos rumos para a estatal”.
Balanço – Antes de iniciar a sua bateria de perguntas ao depoente do dia, Jorge Luiz Zelada – ex-diretor da área internacional da estatal, Marco Maia apresentou um balanço dos trabalhos do colegiado até agora. Foram votados 320 requerimentos e ainda existem outros 318 pendentes de análise. Foram realizadas duas sessões deliberativas e quatro sessões para colher depoimentos. Zelada é o quinto a depor. Também já estão disponíveis para consulta dos integrantes da CPMI cerca de 25,5 GB de documentação vindos da Petrobras, do Tribunal de Contas da União, da Justiça Federal, de bancos, do Ministério da Defesa, de corretoras de câmbio e valores e de outras empresas.
Depoimento – Sobre o depoimento de Jorge Luiz Zelada, o relator disse que foi dentro da expectativa e que o conteúdo das informações será confrontado com os documentos já recebidos pela comissão. O ex-diretor da área internacional da Petrobras disse que a culpa pela dissolução da sociedade na refinaria de Pasadena (EUA) foi da empresa belga Astra Oil. Ele explicou que quando a Petrobras não aceitou a compra da segunda parte do empreendimento, a Astra abandonou a gestão da refinaria e saiu da sociedade unilateralmente. “Isso foi preocupante porque gerir uma instalação daquele porte é coisa muito séria. Aí a Petrobras decidiu entrar com o processo na Câmara Internacional de Arbitragem para retornar a sociedade”, explicou.
Jorge Zelada afirmou que a estatal brasileira queria encerrar o litígio com a arbitragem, mas a Astra insistiu no processo judicial. A Petrobras se tornou sócia da Astra Oil em 2006, ao adquirir por US$ 360 milhões metade da Pasadena. Em 2008, desentendimentos na sociedade levaram a companhia brasileira a oferecer US$ 700 milhões pela outra metade das ações da refinaria, incluindo estoques e uma comercializadora (trading). A Astra não aceitou e levou a negociação para a Justiça e o negócio só foi concluído em 2012, com a estatal brasileira pagando US$ 820 milhões.
Vânia Rodrigues