O relator da Comissão Mista Parlamentar de Inquérito que investiga a compra da refinaria de Pasadena pela Petrobras, deputado Marco Maia (PT-RS), apresentou nesta segunda-feira (2) a proposta de plano de trabalho para o colegiado. O plano será debatido e deliberado na sessão da CPMI marcada para esta terça-feira (3), às 14h30.
Maia entende que os depoimentos prioritários a serem colhidos pela CPMI são dos ex-diretores da estatal, Nestor Cerveró e Paulo Roberto Costa, e do doleiro Alberto Yousseff. O relator também disse que a presidente da Petrobras, Graça Foster, e o ex-presidente da companhia, Sérgio Gabrielli, também deverão ser ouvidos. “O plano tem caráter inicial e poderá sofrer alterações no curso dos trabalhos da comissão”, frisou Maia.
Dos cerca de 600 requerimentos já apresentados à CPMI, Marco Maia defende que o plenário da CPMI aprove conjuntamente um bloco de 227 que, segundo ele, são os mais importantes para este momento inicial de trabalho. Além disso, a CPMI já solicitou à CPI do Senado que investiga o mesmo tema todas as informações colhidas até agora, bem como solicitará ao todo o conteúdo relativo à Operação Lava-Jato, que resultou na prisão de Yousseff, entre outras investigações de outros órgãos sobre os objetos da CPMI.
O plano de trabalho proposto por Maia se divide em quatro eixos, de acordo com os objetos de investigação da comissão: Refinaria de Pasadena, SBM offshore, Segurança nas plataformas e Refinaria Abreu e Lima. O relator propõe que as sessões da CPMI pautem a cada semana um eixo específico.
O deputado Afonso Florence (PT-BA) se disse satisfeito com o plano de trabalho e a estratégia de investigação do relator. “Esse plano contempla uma estratégia de trabalho que é nitidamente voltada para a investigação imparcial das denúncias, Poderemos focar nas oitivas e com isso começarmos a construir um juízo que permita ao relator produzir um relatório que é da expectativa do povo brasileiro e da opinião pública”, afirmou Florence.
Outro integrante da CPMI, o deputado Sibá Machado (PT-AC), elogiou a “lucidez” do relator na elaboração do plano, “colocando as coisas no seu devido lugar e por onde deve começar o nosso trabalho”. Sibá manifestou preocupação com a influência do calendário eleitoral sobre a CPMI. “Pode ser um debate que nos leve a conclusões errôneas ou insatisfatórias. Temos que evitar que esta comissão entre no fervor do dia 5 de outubro”, alertou o parlamentar acreano.
Já a deputada Iriny Lopes (PT-ES) criticou a proposta de criação de sub-relatorias, que é um desejo já manifestado pela oposição. “A experiência de CPIs ou CPMIs no Congresso brasileiro tem nos mostrado que, em momentos de grande disputa política, e nós estamos num ano eleitoral, já tivemos aqui o dissabor de assistir uma sub-relatoria se transformar numa CPI dentro da CPI. Para que tenhamos segurança da tranquilidade da investigação, é necessário que o relator tenha o controle sobre a linha de trabalho aprovada pela CPMI”, disse Iriny.
Aécio ausente – O senador Aécio Neves (PSDB-MG), que tem sido o principal porta-voz da oposição conservadora nos ataques à Petrobras, não apareceu na reunião da CPMI, embora venha cobrando através da mídia um trabalho intensivo da comissão. “Curiosamente o senador se ausenta desse debate sobre o plano de trabalho, quando está claro que a oposição pretende escamotear as investigações da CPMI com o objetivo de obter dividendos eleitorais”, criticou Afonso Florence.
Acesse a íntegra da proposta de plano de trabalho apresentada pelo relator:
http://www.senado.leg.br/atividade/materia/getPDF.asp?t=151460&tp=1
Rogério Tomaz Jr.
Foto: Salu Parente/PT na Câmara