O deputado Marco Maia (PT-RS), que presidiu a Câmara dos Deputados no biênio 2011/2012, ocupou a Tribuna nesta terça-feira (26) para analisar o momento pelo qual passa o Brasil sob a pauta do golpe parlamentar. “Golpe que pode tirar o direito de uma presidenta legitimamente eleita com 54 milhões de votos pelo povo trabalhador e pode nos colocar diante de outro golpe, contra os trabalhadores e trabalhadoras, contra os cidadãos e cidadãs, contra homens e mulheres deste País”, disse.
Lembrou Marco Maia que está em curso no país uma tentativa de golpe contra a democracia, pois o processo que trata do impedimento da presidenta Dilma está sendo feito sem base jurídica para sustentá-lo.
“Não podemos, homens e mulheres que lutaram, que enfrentaram a ditadura militar, que construíram a duras penas a democracia no nosso País, nos conformar com o impedimento da Presidenta Dilma Rousseff da forma como tem sido realizado. Isto é um golpe contra a democracia, contra esta construção coletiva, feita por anos e anos de luta; não podemos perder esta conquista do povo trabalhador do nosso Brasil, que é a de poder eleger, de forma direta, com o seu voto, os seus representantes. Estamos diante da usurpação deste poder legitimamente dado ao povo pela nossa Constituição”, ressaltou o parlamentar petista.
Outro golpe – O deputado Marco Maia foi enfático ao afirmar que a tentativa de golpe “para tirar uma presidenta eleita pelo voto popular” coloca o país diante da possibilidade de outro golpe, que é a retirada de direitos e garantias da classe trabalhadora. “As grandes conquistas que os cidadãos tiveram nestes últimos 13 anos de Governos do PT, do Presidente Lula e da Presidenta Dilma, para estabelecer uma nova ordem econômica no País correm sério risco de serem retiradas para beneficiar o capital, os grandes grupos econômicos. Esta é uma página triste da história do nosso Brasil que estamos vivenciando e, como um democrata, eu não gostaria de vivenciá-la. Eleição se ganha nas urnas e o que se tenta fazer no Brasil é um golpe contra a democracia e contra a Constituição”, reiterou o parlamentar petista.
Marco Maia citou afirmações do candidato derrotado à presidência da República nas eleições de 2014, o senador tucano Aécio Neves e do vice-presidente, Michel Temer (PMDB) que confirmam a intenção de retirar direitos dos trabalhadores. “O senador Aécio Neves disse em um simpósio empresarial que é preciso rever o salário mínimo porque mais da metade do lucro vai para o empregado e é preciso mudar isto. E para reforçar este pensamento contrário à classe trabalhadora, Michel Temer disse recentemente que o PT errou em olhar apenas para o trabalhador e que é preciso rever as regras da CLT. Estas declarações deixam claro que a ideia é deixar de destinar recursos para o cidadão mais humilde e destinar para os grandes grupos econômicos que gerenciaram este país e foram incapazes de construir ações para melhorar a qualidade de vida do nosso povo”.
O ex-presidente da Câmara dos Deputados lembrou que nos governos do PT houve aumento real do salário mínimo, melhoria na distribuição de renda, na qualidade de vida da população, mais investimentos na agricultura familiar e outras iniciativas que trouxeram melhores condições de vida para a população brasileira.
“Hoje somos a 7ª economia do mundo e desde o primeiro governo do presidente Lula crescemos com a nossa produção, com a organização das nossas indústrias, produzimos e fomos capazes de aumentar a nossa posição econômica no mundo. E, ainda, há outras iniciativas importantes como os programas sociais: O Bolsa Família, o Fies, o ProUni, quase 300 novas escolas técnicas federais, a criação de 23 universidades e, hoje, temos 92,6 bilhões de reais em investimentos na área da saúde feitos pelo governo federal para auxiliar os municípios, os estados”, destacou Marco Maia.
Ele lembrou que durante sua gestão à frente da presidência da Câmara, ao contrário do que ocorre hoje, foram aprovadas matérias que “dialogavam de forma clara e objetiva com a sociedade brasileira”. Ele citou, por exemplo, a PEC da erradicação do trabalho escravo, o Vale-Cultura, a regulamentação da profissão do motorista no Brasil, entre outros.
Para o deputado Marco Maia, o papel do Parlamento “é o de defesa da sociedade, dos interesses dos trabalhadores e das trabalhadoras do nosso País e é o de produzir saídas e alternativas para as crises que vão se apresentar no nosso futuro, que se apresentam no presente, que se apresentaram no passado, e que estarão aí no dia a dia e no cotidiano das nossas vidas e de uma nação do tamanho e da potência do nosso Brasil”.
Gizele Benitz
Foto: Zeca Ribeiro / CD