Vídeo: Marcelo Déda discursou em solenidade de anúncio de medidas para o plano Brasil Sem Miséria

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Atendendo a um convite pessoal da presidente Dilma Rousseff, Marcelo Déda representou os demais governadores e discursou em 19/02/2013, durante a solenidade de anúncio de novas medidas para o Brasil Sem Miséria. Em um discurso bastante elogiado, Déda falou sobre as ações do governo Dilma e destacou os avanços das políticas de inclusão social.

Leia a íntegra do discurso do ex-governador Marcelo Déda realizado no lançamento de novas ações do Brasil Sem Miséria no dia 19 de fevereiro de 2013 no Palácio do Planalto. 

Excelentíssima Senhora Dilma Rousseff, Presidente da República, Excelentíssimo Senhor Senador da República, Renan Calheiros Presidente do Senado Federal, Excelentíssimo Senhor Deputado Federal Eduardo Henrique Alves, Presidente da Câmara dos Deputados, Excelentíssimo Senhor Michel Temer, de quem tive a honra de ser colega e por ele presidido na Câmara dos Deputados, mui digno Vice-Presidente da República, Caríssima Ministra Tereza Campello, Caríssima Prefeita de Arapiraca vizinha querida, extraordinária oradora, É preciso muito cuidado com quem sabe falar sorrindo. Mais um cuidado afetivo, porque são pessoas capazes de fazer da política não só um espaço de luta, mas um espaço de realização traduzido na beleza do seu sorriso e das suas palavras.
 
Não somos competidores dos governadores, dos prefeitos, pelo contrário, somos soldados do municipalismo brasileiro para fortalecer cada unidade, cada município do nosso país. Quero cumprimentar os Ministros de Estado, os Senhores e Senhoras Parlamentares, cumprimentar os prefeitos, cumprimentar as autoridades aqui presentes, cumprimentar as pessoas do povo, que abrilhantam mais do que nós, as autoridades, essa festa, parabenizar a orquestra que revela a grandeza da juventude brasileira, e quero Presidenta de República, Dilma Rousseff, lembrar que havia poucos dias que a Senhora assumira este honroso cargo e o seu Governo apresentava à nação Brasileira a marca que iria identificar a sua administração. A marca dos Governos é uma tentativa da política e do marketing de sintetizar os objetivos que unificam a equipe e que orientam o trabalho, mas é corriqueiro que essas marcas traduzam muito mais o desejo de divulgação do marketing do que a essência do pensamento dos governos. E eu me lembro, Presidenta Dilma, que a primeira vez que olhei o slogan e que apreciei a marca do seu Governo, eu tomei um choque, um choque positivo. Eu percebi que para além do slogan, essa marca traduzia a sua coragem e o seu compromisso. Eu não conheço governo que tenha tido a coragem de por como marca da sua administração, não uma afirmação retórica, mas um compromisso político radical “País rico é País Sem Pobreza”.
 
Mais do que um slogan, a Senhora propunha um desafio como consigna da sua administração. Um desafio à Sociedade, um desafio à Federação Brasileira, mas pelo que a conheço, Presidenta, sei que ali também tem um desafio a si própria. Um desafio ao seu Governo. Um desafio a aquilo que transformou-se na referência dos último dez anos, desse país. Um projeto capaz de somar desenvolvimento econômico com inclusão social.
 
O que a Senhora escreveu, na marca do seu governo, foi a compreensão, foi a ideia de que nenhuma nação se legitima na história, se despreza a liberdade e se ignora o valor da igualdade. Essa que é a mais generosa ideia já produzida pelo gênero humano. O que a Senhora diz nesse slogan à nação brasileira é que nenhuma prosperidade é civilizatória se ignora milhões de patrícios, condenados à escravidão da fome, ou aprisionados, excluídos da vida na prisão da miséria. O que a Senhora quis dizer com esse slogan, Presidenta, que não há como falar em progresso ou em desenvolvimento, quando uma pequena minoria de um país, vive a pós-modernidade, usufrui os avanços da tecnologia, opera nos mercados financeiros do mundo com um mero toque de dedo no teclado de computador. E bilhões de seres humanos, vivem como órfãos da solidariedade. Os “sans-culottes” da pós-modernidade, vivendo como
antes da Revolução Francesa, sem a liberdade que a fome tira, sem a igualdade que a miséria ofende e sem a fraternidade que lança na vala comum a dignidade do ser humano. Portanto, Presidenta, hoje é um dia histórico. É um dia histórico para a Nação Brasileira. É um dia histórico para aqueles que integram o seu Governo e que são copartícipes desta vitória. É um dia histórico para os prefeitos brasileiros, sem os quais essa meta não seria obtida. É um dia de vitória para os governadores do Brasil, que aqui tenho a honra de representar, e que não os cumprimentei e quero cumprimenta-los agora na figura do governador do Ceará, meu querido amigo Cid. É uma vitória, Presidenta, de um conjunto de ideias e de uma competência indiscutível. Para se operar esses números, a Ministra Tereza Campello com extrema competência nos explicou. Foi preciso ganhos administrativos e uma revolução na gestão das políticas sociais.
 
Foi preciso construir um cadastro único, a cargo das municipalidades para oferecer um universo concreto sobre o qual trabalhar a política. Foi preciso criar esta ferramenta extraordinária da Busca Ativa, mas Presidenta, nós vivemos num país que às vezes repercute aquilo que já foi no passado, o chamado pensamento único dos teóricos de uma globalização excludente. É o que eu chamo de fetixização da Gestão. Tem alguns que já defenderam antes o
divórcio da economia, da política, que hoje defendem o divórcio da gestão, da política, como se a gestão fosse autojustificável, como se a vida, como se o espaço público fosse uma sala de cirurgia, perfeitamente isenta de qualquer germe, anódina. A vida pública é a vida do conflito, é a vida da disputa.
 
A ferramenta de gestão é indispensável. Ela é fundamental, mas atrás da ferramenta tem que haver a política, porque a política é o ato de escolher. Se a política é ruim, não há Fundação Getúlio Vargas, não há MIT, não há prêmio Nobel de economia que seja capaz de produzir uma teoria de gestão que transforme uma política ruim em política boa, que transforme uma visão de mundo excludente numa visão compartilhada, que abra mão da concentração de renda em benefício da distribuição dos benefícios para todos os habitantes de um espaço político de uma Nação.
 
Por isso Presidenta, é preciso aplaudir as ferramentas utilizadas, mas é preciso lembrar ao Brasil, por mais moderna a ferramenta, se quem for ao campo plantar usar mal o trator, a colheita será frustrada. E hoje nós estamos vendo que por trás da Busca Ativa, existe uma política, uma visão de estadista, que não quer mais esse Estado parado na cadeira, que não quer esse Estado inercial esperando que a sociedade o procure para revelar as suas mazelas. 
Somos nós os homens públicos do Brasil, os operadores da política, os militantes do movimento social, os sindicalistas, somos nós que temos que ir à história, que temos que ir ao Brasil procurar onde estão as nossas mazelas e convocar o povo para conosco resolvê-las. Busca Ativa sim, no Programa Bolsa Família, Busca Ativa sim, no Brasil Sem Miséria, mas Busca Ativa também na busca da produtividade, na busca do crescimento econômico, na ação 
constante de um Governo que não se acovarda diante de críticas, porque Presidenta, estamos comemorando o êxito de vinte e dois milhões de brasileiros resgatados da miséria em apenas dois anos. Mas Presidenta, eu sei como a Senhora sabe, o que o Presidente Lula sofreu quando lançou o Bolsa Família, eu sei o que o Ministro Patrus sofreu, quando denunciaram a incapacidade do Bolsa Família de cumprir as suas metas ou de realizar os seus objetivos. Eu sei
os rios de tinta que imprimiram criticas fiscalistas, atávicas, antigas, criticando o gasto social em benefício de reformas estruturais que iam arrumar o livro caixa, mais iam manter esses vinte e dois milhões de brasileiros padecendo da fome e da miséria.
 
Essas críticas, eu sempre as comparo a um personagem que lhe é muito caro, de um autor que a Senhora cultiva, o grande Luís de Camões. Camões encontrou no velho do restelo, um ancião que morava num dos bairros ali próximos ao Tejo, a tradução mais perfeita do atraso, do anacronismo, das vozes do medievo que olhavam para o Tejo e ao invés de perceber na iniciativa do infante Dom Henrique, o caminho da expansão portuguesa, o caminho da busca de riquezas para aquele pequeno reino preferiam ver as viúvas chorando pelos náufragos, preferiam ver as mercadorias perdidas durante as tempestades, preferiam ver as riquezas gastas em cada investimento realizado.
 
Esse velho do restelo, a voz do medievo olhando o renascimento, é uma figura que não desapareceu da história. É ele o portador do atraso em cada movimento de mudança e de ruptura. Ele continuará olhando para a Senhora, odiando o Presidente Lula, criticando, cobrando e exigindo. E nós, Presidenta, seguindo os versos de outro grande Português, o Pessoa, que colheu a frase do General Pompeu de Roma e pôs no seu poema, nós inflaremos a alma como uma vela latina, e deixaremos que o vento das mudanças nos puxe e nos conduza. 
 
E diremos: a história não existe para registrar as lágrimas do velho do restelo, mas a frase que nos estimula, “Navegar é preciso, viver também é preciso”, e vencer os desafios que o Brasil tem hoje, não é apenas preciso, é possível. Porque quando alguém faz como a Senhora, e transforma um desafio pessoal, num desafio da Nação e transforma o desafio da Nação num slogan de Governo, aí Presidenta, a política reencontra a sua razão de ser. A política se
transforma num instrumento de alargar o possível. Que viva o povo Brasileiro!  

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