A maioria dos trabalhadores e trabalhadoras desaprova a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de liberar a terceirização nas atividades-fim das empresas, mostra pesquisa CUT/Vox Populi, realizada entre os dias 7 e 11 de setembro. Um total de 53% considera a medida prejudicial ao trabalhador, sendo que 36% dos entrevistados afirmam que a terceirização irrestrita só é boa para os patrões e 17% acham que não é boa para ninguém.
Apenas 2% consideram a terceirização boa para os trabalhadores e 15% acham que é boa para ambos. 29% não souberam ou não quiseram responder. Os mais críticos da terceirização da mão de obra no Brasil são do sexo feminino (37%), adultos (38%), com ensino superior (42%) e com renda de mais de 2 até 5 salários mínimos (40%). Do total dos entrevistados, 41% sabiam da decisão dos ministros do STF de aprovar a terceirização irrestrita.
Os impactos negativos desta ampliação da terceirização serão enormes tanto para o País quanto para a classe trabalhadora e para a sociedade em geral, diz o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas. “Com esta decisão do STF, um trabalhador contratado diretamente pela empresa, com melhores salários, benefícios e condições de segurança, pode ser demitido e abrir uma vaga para um terceirizado que custará menos, apesar de não ter a mesma experiência e qualificação profissional porque o que interessa para o patrão é o lucro”, diz Vagner.
Além disso, continua o dirigente, “como ganha menos, tem menos direitos e corre até mais riscos de sofrer um acidente de trabalho por falta de segurança, o terceirizado troca de emprego frequentemente, o que contribui para aumentar a rotatividade e diminuir as contribuições ao INSS, colocando em risco a Previdência Social”.
Para o presidente da CUT, o resultado da pesquisa CUT/Vox mostra que, quem conhece essa forma de intermediação de mão de obra, sabe que é ruim para os trabalhadores e para o País, pelos seus impactos negativos na economia e na qualidade dos serviços prestados à população.
Além disso, diz Vagner, “ao trocar um trabalhador ou trabalhadora qualificada, preparada para atuar em áreas como as da saúde, educação ou do setor elétrico, por um que não tem experiência e aceita ganhar menos e trabalhar mais, os gestores colaboram para acabar com a qualidade e a eficácia do serviço prestado”.
Para Vagner, o STF colocou as relações de trabalho do Brasil no século passado. Vale ressaltar que em vários países do mundo a terceirização já foi considerada ruim para todos, como o caso da Rússia, que percorre caminho inverso ao que foi aprovado no Brasil. Em 2015, a Assembleia Federal decidiu acabar com esse modelo de contratação.
Segundo os trabalhadores daquele país, a prática não aumentou a oferta de emprego, reduziu a arrecadação de tributos e ainda diminuiu salários e benefícios dos trabalhadores, como férias remuneradas e abonos de fim de ano.
PT na Câmara com Portal CUT