A deputada Luizianne Lins (PT-CE), em artigo publicado no site Brasil 247, alerta para os riscos da privatização dos Correios: mais desemprego; falta de atendimento em municípios não lucrativos; oneração dos preços postais; precarização e perda de credibilidade dos serviços. “Já estamos testemunhando algumas destas consequências após o golpe que retirou a presidenta Dilma, em 2016, com o fechamento de agências e não renovação dos quadros por meio de concursos”, citou.
“A pauta da privatização dos Correios, apesar da retirada emergencial, que não podemos deixar de comemorar como vitória, está na ordem do dia desse governo ultraconservador, que reedita o modelo neoliberal já testado e atestado como o mais desigual e causador de fome, desemprego e mortes”, criticou, acrescentando que o País está na contramão do mundo, que, hoje, estuda e aplica modelos de reestatização justamente “porque a sanha lucrativa do setor privado não permite que serviços de utilidade pública sejam oferecidos a baixo custo e com carreira de Estado.”
Leia a íntegra do artigo:
Lutemos: não à privatização dos Correios
A história dos Correios se confunde com a história do Brasil. Passa pelo Correio-Mor, de 1663, pelo patrono Paulo Bregaro, pela entrega domiciliar e pelo Sedex, em 1982. A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), hoje: distribui livros didáticos, provas do Enem, transporta materiais biológicos, participa do Programa de Distribuição de Alimentos e possui o projeto Balcão do Cidadão, que facilita o acesso a serviços relativos ao Serasa, CPF e bancários.
É a empresa da integração nacional, está presente em todos os municípios, possui mais de 100 mil trabalhadores; destes, 50,3% estão na empresa há menos de 15 anos, o que ressalta a importância dos concursos públicos realizados nos governos do Partido dos Trabalhadores (PT).
Os números da empresa falam por si só: são quase 13 mil postos de atendimento; quase 30 milhões de objetos distribuídos por dia; e mais de 100 prêmios de utilidade pública desde 2003 até o momento. Nos últimos 22 anos, a ECT somente teve dois anos de prejuízo (2015 e 2016), ou seja, foi superavitária de 1996 até 2014, retomando a lucratividade em 2017.
No mundo, o ranking de melhor serviço postal é registrado na Suíça, onde o serviço é público. Em nenhum país onde a privatização aconteceu, os correios viraram exemplo de sucesso; pelo contrário, os prazos de entrega continuaram os mesmos ou pioraram, e os preços dos serviços foram à estratosfera.
Na Alemanha, os correios foram privatizados em 2005, entretanto, os preços aumentaram 400% e foram cortados 38 mil empregos. No Reino Unido, o processo se concluiu em 2015, com 11 mil desempregados e aumento do selo postal em 60%. Nos EUA, desde 1775 a empresa de correios permanece estatal e é a agência governamental com maior credibilidade (90% de aprovação).
Os riscos da privatização dos Correios no Brasil são: mais desemprego; falta de atendimento em municípios não lucrativos; oneração dos preços postais; precarização e perda de credibilidade dos serviços. Já estamos testemunhando algumas destas consequências após o golpe que retirou a presidenta Dilma, em 2016, com o fechamento de agências e não renovação dos quadros por meio de concursos.
A pauta da privatização dos Correios, apesar da retirada emergencial, que não podemos deixar de comemorar como vitória, está na ordem do dia desse governo ultraconservador, que reedita o modelo neoliberal já testado e atestado como o mais desigual e causador de fome, desemprego e mortes. Estamos na contramão do mundo, que, hoje, estuda e aplica modelos de reestatização justamente porque a sanha lucrativa do setor privado não permite que serviços de utilidade pública sejam oferecidos a baixo custo e com carreira de Estado.
Por isso, lutemos, não à privatização dos Correios.
Luizianne Lins é deputada federal (PT-CE)
Artigo publicado original no site Brasil 247